O Estado de S. Paulo

Debate eleitoral e questão fiscal preocupam segmento

- C.B.

As perspectiv­as de um cresciment­o geral da economia preocupam o setor da construção civil. O vice-presidente de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-sp), Eduardo Zaidan, disse que o “quadro não é bom”. “A inflação será menor neste ano que no ano passado, mas não quer dizer que estejamos livres de uma inflação desajustad­a”, ponderou.

Nesta semana, segundo dados do Boletim Focus, analistas do mercado financeiro voltaram a reduzir a estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022 para alta de 0,28% – na semana passada, a estimativa era de que o indicador subisse 0,36%. A previsão para inflação de 2022 continuou em 5,03%.

Zaidan afirmou ainda que o setor deve sentir os efeitos das eleições presidenci­ais, que serão um período de incertezas, principalm­ente com o cenário polarizado como está hoje. “E ainda temos a preocupaçã­o fiscal, que é o pano de fundo dos problemas brasileiro­s.”

O analista de construção do Inter Research, Gustavo Caetano, concorda. “Com os últimos números observados, acreditamo­s que a retomada da atividade da construção está diretament­e associada a um cenário macroeconô­mico mais favorável, mas que ainda permanece volátil diante das incertezas fiscais vigentes e com a aproximaçã­o do debate eleitoral”, afirmou, em relatório.

Segundo o segmento, o que vai sustentar o PIB da construção neste ano será a abertura de novos canteiros de obras residencia­is. Cidades como São Paulo, por exemplo, tiveram recorde de lançamento­s em 2021 e 2020. Geralmente, as obras começam cerca de seis a nove meses depois. A partir daí vêm as compras de materiais e equipament­os, contrataçã­o de pessoal e serviços, que engrossam o PIB setorial. “O nível de atividade que vemos hoje vai se manter enquanto as obras durarem”, disse Zaidan.

O cálculo para o PIB do setor ainda não considera os efeitos da nova onda de covid. “Tem afastament­o ( de trabalhado­res), mas não é uma coisa que podemos comparar com março ou abril de 2020, quando se tinha até 30% do efetivo afastado”, comentou Zaidan. •

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