Vaivém da cotação do bitcoin gera dúvidas nos investidores
Alguns analistas veem o investimento como uma proteção contra inflação; outros dizem que o ativo tem o mesmo risco das ações
O vaivém da cotação da criptomoeda bitcoin causa incerteza sobre o que o investidor deve avaliar no momento em que resolve aplicar nesse ativo. Alguns analistas e investidores de criptomoedas veem o bitcoin como uma proteção contra a inflação. Outros consideram um ativo de risco, como as ações, que reagem à política monetária restritiva resultante da alta inflação.
Em novembro de 2021, o preço do bitcoin chegou a US$ 69 mil, valor máximo já alcançado. Dois meses depois, caiu para US$ 41,9 mil, queda de quase 40%. Na tarde da última terça-feira, porém, a criptomoeda engatou um movimento de alta de 2,33% logo após a fala do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Jerome Powell, sobre a política de juros americana, e atingiu os US$ 42,9 mil. Desde então, manteve o valor.
Ouvidos pelo E-investidor, portal de finanças pessoais do Estadão, analistas de criptoativos avaliam que o movimento de queda registrado ao longo dos últimos meses é resultado de movimentos do banco central norte-americano.
Orlando Telles, sócio fundador e diretor de research (pesquisa) da Mercurius Crypto, explicou que o principal fator de influência para a alta até novembro aconteceu por causa de alterações macroeconômicas, como a redução das taxas de juros globais. Além disso, também foi impactado pelo aumento de estímulos do Fed.
Os dois movimentos fizeram com que investidores buscassem ativos para diversificar a carteira, como é o caso das criptomoedas. “É um mercado em expansão, o que pode apresentar rentabilidade significativa e também contribui para a proteção contra a inflação.”
MERCADO GLOBAL. Para Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, a queda da cotação é a reação não só das criptomoedas, mas do mercado acionário global à demonstração de aumento de juros na economia norte-americana.
“Cripto vem caindo como uma correção. Em 2020, vimos bater recordes perto dos US$ 70, mas com o preço atual ainda existe 100% de lucro se comparado ao último topo. Ou seja, a queda é relativa, uma correção natural do mercado”, avaliou.
Ele ainda disse que, com o aumento dos juros, a tendência dos ativos de renda variável é cair porque os investidores vão migrando para títulos de renda fixa. Lago explicou que investidores que compraram em valores próximos do topo podem ter sido influenciados pela euforia.
DIVERSIFICAÇÃO. “Isso deve permanecer para os próximos meses. Vamos ter a primeira reunião de ajuste apenas em março, mas o mercado já começa a precificar”, afirmou Telles. O especialista indicou que, com a mudança de cenário, o bitcoin pode ter perdido atratividade no médio prazo. Por outro lado, no longo prazo, o investimento ainda vale a pena, mas os portfólios devem buscar diversificação dentro dos criptoativos.
Lago, da Financial Move, apontou que comprar a US$ 40 é melhor do que comprar a US$ 80. “O momento de queda é a chance de entrar no mercado e não de se desesperar. O investidor deve sair do efeito manada de comprar na alta e vender na baixa”, comentou. •
Teto Em novembro de 2021, o preço do bitcoin chegou a US$ 69 mil, valor máximo alcançado