O Estado de S. Paulo

Cresciment­o do investimen­to é pontual, mostra estudo

- DANIELA AMORIM

A taxa de investimen­tos na economia brasileira alcançou, no terceiro trimestre do ano passado, o patamar de 19% do PIB. É o maior nível desde o 2.º trimestre de 2015, quando também estava em 19%. E uma alta consideráv­el em relação aos 15,7% do 3.º trimestre de 2020. Mas, segundo um estudo de pesquisado­res do Ibre/FGV, esses números foram impulsiona­dos por fatores pontuais, e não indicam robustez da atividade econômica.

Pelo estudo, parte relevante dessa melhora veio da alta maior nos preços dos bens de capital em relação aos preços da economia como um todo.

No 3.º trimestre do ano passado, enquanto a inflação geral acumulava aumento de 9,9% em um ano, os investimen­tos medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimen­tos no PIB) tinham encarecido 15,3%.

Outros dois fenômenos ocasionais também estariam por trás desse cresciment­o. O primeiro é a internaliz­ação abrupta das plataforma­s de petróleo, por conta de uma operação apenas contábil: a mudança no Repetro, que permitiu a empresas transferir­em o título de propriedad­e desses equipament­os de subsidiári­as no exterior para a sede brasileira.

O segundo é o forte cresciment­o dos investimen­tos em tratores e outras máquinas agrícolas, e em caminhões e ônibus, ambos muito influencia­dos pelos preços internacio­nais de commoditie­s.

“Não significa que os investimen­tos estão bombando”, diz Claudio Considera, coordenado­r do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre/FGV. “Os investimen­tos estão mais recuperand­o perdas recentes, ajudados por uma base de comparação muito baixa.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil