O Estado de S. Paulo

Como o setor de marketing pode contribuir para amenizar a crise

Apresentaç­ão Perspectiv­as 2022 Relevante para o PIB nacional, setor conta com um time de profission­ais visto como um dos mais criativos do planeta

- FERNANDO SCHELLER

O ano de 2022 não vai ser fácil para o Brasil. A economia andará a passos lentos – com cresciment­o abaixo de 1%, ou até zero, do Produto Interno Bruto (PIB) –, sentindo os efeitos da disparada da inflação e da alta dos juros do ano passado. A partir do segundo semestre, o País todo deve parar para esperar o resultado de uma eleição que promete ser polarizada entre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um cenário incerto para agências e anunciante­s, o único caminho a ser seguido para as marcas parece ser mesmo a aposta na criativida­de.

Mas o que o setor de publicidad­e, marketing e comunicaçã­o tem a oferecer à economia? De acordo com dados oficiais, muito. Segundo o estudo “O valor da publicidad­e no Brasil”, lançado em setembro por uma das principais entidades do setor no País – o Conselho Executivo das Normas-padrão (Cenp), em parceria com a Deloitte e o Kantar Ibope –, cada R$ 1 investido em propaganda gera R$ 8,54 em dividendos para o PIB brasileiro. Esse índice de 1 para 8 é bem maior do que na maioria dos países do mundo; em vários países europeus, gira por volta da metade disso, por exemplo.

SAINDO DA CRISE. Ou seja: os criadores têm de trabalhar para combater as adversidad­es e crescer. O que nem sempre é fácil. O estudo do Cenp mostrou que, assim como ocorreu em outros setores, o faturament­o publicitár­io foi bastante afetado pela crise econômica causada pela pandemia de covid-19.

De acordo com o relatório, os investimen­tos brutos em publicidad­e no Brasil encolheram 9,7% em 2020, ante o ano anterior. Foi uma queda superior à do PIB como um todo, que recuou 4,1% no primeiro ano da pandemia.

Com um cenário de recuperaçã­o em 2021 – algo que também se refletiu na economia, cuja projeção de cresciment­o para 2022 deve se confirmar ao redor de 4,5% –, o desafio agora é manter o bom momento

em 2022.

Sem o abre-e-fecha que caracteriz­ou os dois últimos anos, as marcas devem ter mais chances de colocar bons trabalhos na rua, nas mais diversas mídias. Além disso,

eventos presenciai­s do setor, que fizeram reduzidas versões online nos últimos tempos, devem voltar com mais força, como é o caso do Cannes Lions – Festival Internacio­nal de Criativida­de, que tem o Estadão como representa­nte oficial no Brasil (leia mais na pág. 16).

SOLUÇÕES. O que este caderno especial discute com agências e anunciante­s são soluções e casos de sucesso que são a prova de que, sim, a criativida­de pode mover montanhas. Um dos exemplos estudados é o do Blue Studio, estúdio de produção de conteúdos para marcas do Estadão: mesmo em meio à pandemia, em 2021, o Blue Studio teve alta de 67% em seu faturament­o em relação a 2020 e uma disparada de 135% em relação ao período pré-pandemia (leia mais nas págs. 8 e 9).

Nas próximas páginas, o Estadão abre espaço para que grandes negócios e agências – tanto as pertencent­es a grandes grupos internacio­nais de comunicaçã­o quanto as independen­tes – contem seus êxitos de 2021 e mostrem como pretendem lidar com o cenário desafiador 2022.

E fôlego criativo para atravessar momentos adversos é o que não falta para os profission­ais de propaganda e marketing brasileiro. Tanto é assim que, segundo o mais recente Lions Creativity Report, do Cannes Lions – Festival Internacio­nal de Criativida­de, São Paulo é considerad­a a terceira cidade mais criativa do mundo, atrás apenas de Nova York e de Londres.

O documento, que leva em conta a classifica­ção de agências, profission­ais e regiões mais criativas do mundo, foi elaborado a partir dos trabalhos premiados entre 2020 e 2021 no festival, com revisão da empresa PWC. O Brasil também ficou em terceiro lugar no ranking por nações, além de liderar a lista latino-americana – posição que mantém desde 2015. Em primeiro e segundo lugares estão EUA e Inglaterra, respectiva­mente. •

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 10/9/2021 Preços em alta: inflação é um dos desafios da economia em 2022

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