O Estado de S. Paulo

Com pandemia e crise, Africa investe em inovação e na retenção de talentos

Agências Perspectiv­as Para Sergio Gordilho, presidente da agência, apesar dos problemas econômicos, as marcas devem ampliar seus investimen­tos

- ANDRÉ JANKAVSKI

O presidente da agência Africa, Sergio Gordilho, considera 2021 como o ano do “calejament­o” do setor. Afinal, depois de levar tantas pancadas e sustos em 2020, a publicidad­e brasileira entendeu como deveria trabalhar diante de um problema tão grande como foi a pandemia da covid-19. Ao mesmo tempo, aponta o executivo, as marcas também passaram a entender a necessidad­e e a importânci­a delas dentro de um cenário tão conturbado.

“Tivemos de repensar a maneira de trabalhar e conduzir a criativida­de. E repensamos também a questão do valor das marcas e em como reter talentos em um período em que todos estão distantes um dos outros”, diz o publicitár­io.

Para ele, a questão da cultura e da confiança se tornou ainda mais fundamenta­l, tanto na relação com os clientes quanto no contato entre empresas e marcas. Antes, segundo Gordilho, a questão da verdade e da crença das marcas era de certa forma relevante, pois a comunicaçã­o era feita de maneira vertical – um fala, e os outros escutam.

Agora, tudo mudou, ainda mais com a preocupaçã­o de todos com os conceitos do ESG (sigla em inglês para as áreas ambiental, social e de governança). “A grande transforma­ção foi a busca clara da verdade pelas marcas. Não é mais o que você faz, mas o porquê você faz”, diz ele.

PRÊMIO. Não por acaso, o trabalho mais premiado da Africa neste ano foi a campanha “Save Salla”, que recebeu o Grand Prix (Grande Prêmio) no Cannes Lions – Festival Internacio­nal de Criativida­de de 2021. A ideia foi procurar uma cidade gelada pelo planeta que aceitasse realizar uma candidatur­a “fake” para os Jogos Olímpicos de Verão de 2032 – alusão ao crescente problema do aqueciment­o global.

Daí, chegou-se à cidade de Salla, na Finlândia. A ideia surgiu no fim de 2019, e o prefeito do município, Erkki Parkkinem, não só aceitou a empreitada como foi pessoalmen­te à Suíça, sede do Comitê Olímpico Internacio­nal, levar a candidatur­a da cidade. Assim, a campanha ganhou força e relevância global, com muita mídia espontânea.

Apesar de o aqueciment­o global continuar sendo um dos grandes problemas do mundo – cenário que não deve mudar nas próximas décadas –, as questões de curto prazo devem dar a tônica para a publicidad­e e a criativida­de nos próximos meses e anos.

No Brasil, além da covid-19, a crise econômica, com inflação e desemprego em alta, também está no radar do setor como um todo, observa Gordilho.

Com isso, na visão dele, a criativida­de seguirá sendo o que diferencia marcas e agências. Para o executivo, trata-se de uma oportunida­de, ainda mais na publicidad­e brasileira, comumente colocada entre as três melhores do mundo graças aos trabalhos criativos realizados por aqui.

“Existem tantas incertezas hoje, desde a covid-19 até as eleições deste ano, que podem resultar nas marcas querendo investir mais em publicidad­e. As ideias são filhas da crise”, diz o presidente da Africa. “E precisamos ser criativos para sobreviver no Brasil.” •

Com tantas incertezas, marcas serão obrigadas a ousar: ‘As ideias são filhas da crise’, diz Gordilho

 ?? ?? Marcas devem se conectar às causas que adotam, afirma Gordilho TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO - 31/3/2015
Marcas devem se conectar às causas que adotam, afirma Gordilho TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO - 31/3/2015

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