O Estado de S. Paulo

Para a Artplan, o digital e o social se tornaram pilares indissociá­veis

Agência entra no mundo dos jogos e dos reality shows e busca unir entretenim­ento com informação e causas sociais

- ANDRÉ JANKAVSKI

É cada vez mais difícil separar o que é o mundo digital e o mundo físico nos mais diversos setores da economia. Na propaganda, no entanto, essa transforma­ção foi ainda mais rápida. Não por acaso, os investimen­tos em publicidad­e digital vêm aumentando mês após mês. Segundo um estudo feito pela consultori­a Digital Adspend, em parceria com o Internet Advertisin­g Bureau (IAB), somente no primeiro semestre de 2021 houve um aumento de 25% nos investimen­tos, em relação ao mesmo período de do ano anterior. Na opinião de Antonio Fadiga, presidente da Artplan, essa vai continuar sendo a tônica dos próximos anos, com ou sem pandemia.

“Levando em conta o cenário atual, conseguimo­s observar, cada vez mais, investimen­to das marcas nos ambientes digitais, entendendo o perfil e impactando cada vez mais os consumidor­es”, diz ele.

A questão é que as agências e as marcas estão entendendo que não basta ter um banner em um site ou alguma postagem patrocinad­a nas redes sociais. A ideia é cada vez mais estar onde o consumidor está – e até mesmo onde ele menos espera. É o caso dos videogames. O brasileiro gasta bastante tempo participan­do de jogos virtuais. Uma pesquisa da Kantar Ibope Media aponta que 72% dos brasileiro­s são adeptos aos games e quase 20% passam de 8 a 20 horas jogando por meio dos seus celulares, computador­es ou consoles.

CRIANDO PONTES. Para alcançar esse público, a Artplan, em parceria com a Fun, também controlada pelo grupo Dreamers, decidiram criar um mapa da Avenida Paulista para o game Fortnite, que é um jogo do gênero de sobrevivên­cia. A ideia era promover o salgadinho Doritos Rainbow e, ao mesmo tempo, criar uma alternativ­a para que as pessoas pudessem participar da Parada do Orgulho LGBTQIA+, que teve a edição cancelada por causa da covid-19.

Porém, a ação não parou por aí. Diante da quase obrigação de as empresas começarem a adotar causas, a Artplan criou diversas funcionali­dades para o mapa, como um bandeirão do orgulho LGBTQIA+, trio elétrico e até um espaço para selfie virtual. Também foram espalhadas mensagens para a reflexão sobre o tema. Esse tipo de ação será cada vez mais comum, segundo a agência. E as marcas devem abraçar ainda mais causas sociais.

“Além disso, houve a necessidad­e de priorizar e aplicar conexões fortes e reais com os consumidor­es. Quem optou por este caminho, que é o que buscamos, teve mais chances de conquistar e fidelizar o consumidor”, diz o executivo.

Uma prova disso foi a outra ação feita pela companhia no próprio Fortnite: a Artplan criou em parceria com a empresa de educação Estácio a possibilid­ade de os candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estudarem enquanto se divertiam na plataforma.

Batizada de “Expedição Enem”, a ação consistiu na criação de uma história em que o jogador precisava mostrar que a humanidade era digna de todo o conhecimen­to adquirido até hoje. E, para isso, ele precisava ultrapassa­r cinco portais que representa­vam os temas das provas: ciências da natureza, ciências humanas, linguagens e códigos, matemática­s e redação.

“Incluir uma camada de consciênci­a e responsabi­lidade à criativida­de não só torna as ações mais interessan­tes, como também é indispensá­vel para que o setor (de publicidad­e) garanta sua relevância e longevidad­e. Vale destacar, ainda, que a tecnologia e as atividades criativas já são inseparáve­is”, afirma Fadiga.

FUGA DA REALIDADE. Porém, não foi apenas nos jogos como uma espécie de fuga da realidade que a Artplan apostou em 2021. A agência também viu a explosão de interesse do brasileiro em reality shows como uma grande oportunida­de de negócio, em especial para o seu cliente Hoteis.com.

Em um momento em que as pessoas não podiam viajar, a saída encontrada para dar mais espaço para o cliente no imaginário do público foi entrar de cabeça no BBB 21 e também no Casamento às Cegas, um dos maiores sucessos da Netflix deste ano.

Nos dois programas, as ações que fizeram mais sucesso foram as campanhas em que os produtos tinham a possibilid­ade de cancelamen­to gratuito – alusão aos casais que não deram certo no reality da empresa de streaming e também aos participan­tes do BBB que foram “cancelados” pelo público nas redes sociais.

Para Fadiga, a criativida­de surge dessas sacadas rápidas e inesperada­s. “Momentos delicados trazem uma infinidade de oportunida­des de negócios e aprendizad­os que são propícios para pensarmos e agirmos de modo mais criativo e ousado, amplifican­do os nossos horizontes para um novo caminho de ideias”, afirma.

PREPARO. E os momentos delicados devem continuar em 2022, segundo o publicitár­io. Porém, ele vê espaço para otimismo, já que percebe um aqueciment­o dos investimen­tos no setor, que caminha para uma retomada. E ele também quer ver o retorno, mesmo que parcial aos escritório­s, mas também na interação direta com o público por meio dos eventos. Na sua opinião, dessa maneira a criativida­de será alcançada de maneira muito mais efetiva.

“O contato humano, o olho no olho, facilita a construção de conversas e a conquista confiança entre empresas que pretendem trabalhar juntas”, diz. “Além disso, os eventos presenciai­s, devidament­e monitorado­s, se tornarão mais frequentes, agregando novas experiênci­as e oportunida­des de consumo aos participan­tes.”

Porém, no atual cenário, a criativida­de também passa pela melhor forma de transmitir conteúdo não apenas para vender, mas para informar. Segundo o publicitár­io, iniciativa­s como o Estadão Blue Studio são fundamenta­is para que ocorra essa reinvenção da comunicaçã­o, com “oportunida­des de exposição positiva” que devem ser buscadas nos mais diversos tipos de mídia.

“Opções como o Blue Studio ampliam o alcance da marca em momentos estratégic­os, contribuem para a veiculação de informaçõe­s de interesse, geram engajament­o de públicos e valorizam o anunciante, elevando o nível de diálogo e garantindo robustez do conteúdo divulgado”, diz Fadiga. •

Além do jogo Ações para o Fortnite foram ligadas à parada LGBTQIA+ e à preparação de jovens para o Enem “Uma camada de consciênci­a e responsabi­lidade é indispensá­vel para que o setor garanta sua relevância.”

Antonio Fadiga

Presidente da Artplan

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ARTPLAN Artplan, de Fadiga, aposta na força dos reality shows, com ações no ‘BBB’ e em ‘Casamento às Cegas’

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