O Estado de S. Paulo

Depois de dois anos, Brasil se prepara para voltar ao Palácio dos Festivais

Festival deste ano deve ser híbrido e vai trazer novidades em premiações; inscrições de trabalhos começam no dia 20

- FERNANDO SCHELLER

Embora o avanço da variante Ômicron do novo coronavíru­s seja alvo de preocupaçõ­es em todo o mundo, tudo até agora indica que o Brasil deverá voltar a ser destaque nas premiações e nas palestras no Palácio dos Festivais, na Riviera francesa. Isso porque, depois de ter duas edições 100% virtuais por causa da pandemia de covid-19, o Cannes Lions – Festival Internacio­nal de Criativida­de está preparando uma edição híbrida para 2022.

Vai ser uma chance para a comunidade criativa acompanhar os conteúdos da forma que achar melhor: as palestras e as premiações poderão ser vistas presencial­mente, mas também por meio da opção de assinatura digital, o Lions Membership. Mas o evento, que tem o Estadão como representa­nte oficial no Brasil, não terá novidades apenas na forma. Já foram anunciadas novas categorias de premiação.

Na edição deste ano, a ser realizada entre os dias 20 e 24 de junho, os negócios B2B – aqueles que fornecem produtos e serviços para outras empresas – também serão contemplad­os com Leões.

Além do lançamento da categoria B2B, duas categorias receberão atualizaçõ­es, caso de Creative Commerce Lions e Media Lions.

As mudanças na categoria de comércio criativo refletem, segundo Simon Cook, diretor administra­tivo do festival, um notável aumento nas inscrições na área. Já o novo Media Lions, segundo Susie Walker, vice-presidente de Cannes Lions, vai se concentrar ainda mais em como o uso da mídia pode refletir o resultado de um trabalho criativo.

Os vencedores dos Leões de ouro, prata e bronze, além dos selecionad­os como Grand Prix, serão escolhidos por mais de 400 especialis­tas globais ao longo do primeiro semestre.

As inscrições de peças para Cannes Lions 2022 começam na quinta-feira, dia 20. A inscrição para participaç­ão nas palestras do festival foram iniciadas na semana passada.

Em 2022, os jurados irão concluir o julgamento inicial remotament­e antes de se reunir em Cannes para discutir e premiar os trabalhos já pré-selecionad­os. “Mal podemos esperar para ouvir as discussões e percepções enquanto nossos júris se aprofundam no trabalho e definem a referência global em excelência criativa”, disse Susie Walker.

O presidente de Cannes Lions, Philip Thomas, afirma que o prêmio voltado à comunidade B2B é um projeto que o evento considerav­a colocar em prática desde 2013. “Sempre tentamos encontrar o momento certo para que nossos prêmios reflitam o setor e estejam de acordo com suas necessidad­es. Tendo visto um aumento no trabalho de B2B ganhando leões, e com muitos na indústria acreditand­o que um Leão especializ­ado nesta área irá elevar o nível criativo, concluímos que este é o momento de o B2B ter seu próprio destaque no estágio criativo global”, frisou, em comunicado divulgado à época das mudanças nas categorias.

PRESENÇA BRASILEIRA. A participaç­ão do Brasil em Cannes Lions costuma ser forte. O País, em vários anos, foi o terceiro principal premiado em total de Leões, ficando atrás somente de Estados Unidos e Inglaterra. As agências e anunciante­s brasileiro­s costumam trazer mais prêmios do festival que diversos mercados europeus e do que grandes países emergentes, como Índia, China e África do Sul.

Em 2021, ano em que Cannes Lions premiou os trabalhos realizados durante os dois anos anteriores, o Brasil trouxe para casa 67 Leões, um desempenho abaixo do visto em outros anos, reflexo da redução do número de inscrições em um cenário de crise econômica e dólar em alta. Mesmo assim, houve várias campanhas de destaque, que trouxeram Grand Prix para casa.

Um deles foi o inédito Grande Prêmio na categoria Glass – Lion for Change, que premia as campanhas que trazem mudanças ou impactos positivos para o mundo e costumam ter forte caráter social.

A campanha escolhida foi “Eu sou”, feita pela VMLY&R para a rede de cafeterias Starbucks. A peça publicitár­ia, disponível no Youtube, mostra as dificuldad­es que a comunidade trans tem por causa de nomes que não condizem com seu gênero. A campanha aborda a dificuldad­e de se “navegar” o mundo com um nome que não correspond­e à identifica­ção pessoal.

Na Starbucks, explica a campanha, as pessoas sempre puderam usar os nomes que escolheram (na rede, é comum que cada pedido venha com o nome escrito no copinho). A empresa, porém, decidiu ir além, fazendo uma campanha de mudança de nomes para a comunidade trans em uma de suas unidades. A ideia foi chamar a atenção para a questão e mostrar o alívio dessas pessoas ao poderem ser identifica­das da forma que desejam. •*

Força criativa Brasil costuma ser o 3º país mais premiado do festival; no ano passado, apesar da crise, ganhou 67 Leões

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SORAYA URSINE / ESTADÃO - 18/6/2018 O Palácio dos Festivais, em Cannes: evento voltará a receber parte da comunidade criativa de forma presencial, mas garantirá também acesso remoto aos conteúdos

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