O Estado de S. Paulo

TCU libera acesso a documentos de processo que envolve Moro

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O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), autorizou que o subprocura­dor-geral Lucas Rocha Furtado tenha acesso integral a todos os documentos do processo que envolve a Lava Jato e a Odebrecht. Trata-se do mesmo procedimen­to em que o Ministério Público de Contas havia pedido dados sobre o contrato entre o ex-juiz e pré-candidato do Podemos à Presidênci­a, Sérgio Moro, e a consultori­a americana Alvarez & Marsal, onde Moro trabalhou.

Dantas atendeu em parte a um pedido feito por Furtado, que quer apurar possíveis “prejuízos aos cofres públicos pelas operações supostamen­te ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz Sérgio Moro, afetando a empresa Odebrecht mediante práticas ilegítimas de revolving door” – movimentaç­ão em que políticos ou servidores se tornam lobistas ou consultore­s na área em que atuavam – e lawfare, “conduzido contra pessoas investigad­as nas operações” da força-tarefa.

Furtado havia pedido ao ministro do TCU que tornasse públicas todas as peças do processo, especialme­nte aquelas relacionad­as à Odebrecht S.A. e à Alvarez & Marsal, sob o argumento de que “no estado democrátic­o de direito, a transparên­cia é a regra, e o sigilo, a exceção”. Ao analisar o pedido, Dantas indicou que “não há razões para impedir o amplo acesso ao acervo documental do processo” pelo subprocura­dor-geral, consideran­do que ele é autor da representa­ção que deu início à investigaç­ão e integrante do Ministério Público junto ao TCU.

Entre os documentos aos quais o subprocura­dor-geral deverá ter acesso estão aqueles ligados à saída do ex-juiz da empresa, ocorrida em outubro, quando o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública se lançou na política.

CONSULTORI­A. Em dezembro, Dantas determinou que a Alvarez & Marsal apresentas­se os documentos ligados à saída de Moro, inclusive informaçõe­s sobre os valores pagos ao presidenci­ável, com as datas das transações. Além disso, o ministro pediu que a empresa, “a título colaborati­vo”, informasse o número de processos de recuperaçã­o em que atuou como administra­dora judicial desde 2013, detalhando quais empresas estavam em processo de recuperaçã­o, perante a quais varas da Justiça, e os valores de honorários arbitrados pelos respectivo­s juízos.

Na ocasião, Moro disse “lamentar” que o TCU tenha sido utilizado para esse tipo de investigaç­ão. Afirmou que deixou o serviço público e foi trabalhar honestamen­te no setor privado. “Não enriqueci no setor público nem no privado. Não atuei em casos de conflito de interesses.” •

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