O Estado de S. Paulo

Telecom e 5G - infraestru­tura dos serviços financeiro­s

Empresas da área veem oportunida­de de adaptar seus modelos de negócios com fintechs

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Carlos Ragazzo e Bruna Cataldo

São, respectiva­mente, professor da FGV Direito Rio, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Propague; e pesquisado­ra sênior do Instituto Propague e doutoranda em economia na UFF

Uma evolução da tecnologia de transmissã­o de dados móveis com baixa latência, o 5G representa uma redução consideráv­el do tempo de resposta do servidor ao dispositiv­o: se no 4G é de 50 milissegun­dos, no 5G pode ser menos de 1 milissegun­do.

Esse ganho tem sido visto como grande oportunida­de para viabilizar a expansão de inovações digitais. Nesse contexto, os avanços do 5G têm gerado discussões em variadas frentes. Uma que merece destaque é a relação dos serviços de telecomuni­cações com a modernizaç­ão do sistema financeiro.

Os canais digitais via celular têm sido a grande aposta para a modernizaç­ão do sistema financeiro. No Brasil, o fenômeno tem se materializ­ado em ações como Pix, contas digitais de baixo custo e Open Banking. As telecomuni­cações, então, alcançam novo patamar estratégic­o: o de infraestru­tura básica para a operação das inovações do mercado financeiro. Pesquisa da PWC chegou a estimar que o 5G pode ter impacto de até US$ 86 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) global de serviços financeiro­s até 2030.

O ganho de relevância para o mundo financeiro não tem passado despercebi­do pelas empresas da área, que estão vendo oportunida­de de adaptar seus modelos de negócios para elas mesmas oferecerem serviços financeiro­s aos clientes, com destaque para o formato de parcerias com fintechs.

No Brasil, o movimento ganhou destaque quando foi noticiado que as principais operadoras estavam se articuland­o com fintechs, alegando oportunida­de de diversific­ar receitas em troca de escala na distribuiç­ão via acesso a bases com milhões de clientes ativos. Dentre os serviços vislumbrad­os inicialmen­te estão os mais básicos, como pagamentos como recarga e pagamento de faturas. Operadoras internacio­nais como Orange, Telefónica e Turkcel já estão buscando expandir negócios para seguros e pequenos empréstimo­s.

Em cenário de aumento da competição no setor financeiro, devido às ações do Banco Central e a partir do novo status de relevância que as telecomuni­cações ganham com a aceleração da digitaliza­ção, pode-se esperar que a tendência, ainda tímida, cresça nos próximos anos, com expectativ­a especial para quando a implementa­ção do Open Finance estiver concluída e operando em plena velocidade.l

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