Startups brasileiras querem um lugar ao sol no metaverso
Após guinada do Facebook, segmento ganha novo gás e abre oportunidades para empresas que criam bens digitais
Desde outubro, quando o Facebook mudou seu nome corporativo para Meta, um dos principais assuntos do mundo da tecnologia tem sido o metaverso. Além de atrair os olhares de grandes empresas, o conceito começa a abrir um novo mercado para startups brasileiras.
Uma delas é a paulistana Medroom, que desenvolveu um software que funciona como um laboratório de anatomia em realidade virtual (RV). “A RV é excelente para a educação. Nunca tivemos uma ferramenta que conseguisse prender tanto a atenção”, afirma Vinicius Gusmão, cofundador e CEO da Medroom, ao Estadão.
Outro uso do metaverso é no varejo. A startup R2U oferece uma ferramenta de realidade aumentada (RA), que gera objetos digitais em 3D – a solução é usada principalmente para vendas em decoração.
Sediada em São Paulo, a R2U atende hoje a 38 clientes, entre eles, Leroy Merlin, Mobly e Electrolux – em novembro de 2020, a empresa captou US$ 800 mil em uma rodada de investimentos liderada pela firma de venture capital Canary.
A startup também vai ajudar varejistas a criar lojas em um universo virtual, digitalizando seus produtos. “Temos todo o potencial para sermos os arquitetos do metaverso”, diz Caio Jahara, cofundador da R2U.
O mercado publicitário está entre os que mais demonstraram interesse pelo metaverso – o que deu um gás nas startups que atendem ao setor. É o caso da Biobots, que cria avatares, como influenciadores virtuais, para marcas ou pessoas. Um dos projetos da empresa é a Satiko, avatar da apresentadora Sabrina Sato.
DESAFIOS. Na visão de Alexandre Pompeu, gerente de negócios e inovação da consultoria ACE Cortex, a guinada para o metaverso é um caminho sem volta. “É um movimento que vai atingir 100% das corporações”, afirma.
Dentro disso, deve haver um nicho de atuação para as startups. “Faz mais sentido elas deixarem o hardware nas mãos das gigantes e focarem em software”, diz Pompeu.
Ainda assim, há desafios, afirma Felipe Matos, presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). “O País tem dificuldade na produção de tecnologia de ponta. Talvez o potencial maior esteja na indústria criativa”, observa Matos. •