Apesar de suspensão oficial, carnaval julino toma ruas de SP
Falta de patrocínio fez Prefeitura cancelar folia fora de época, mas parte dos blocos manteve os desfiles e atraiu bom público
O clima ameno contribuiu para o carnaval fora de época reunir ontem centenas de pessoas fantasiadas pelas ruas de Perdizes, zona oeste de São Paulo. Embora a Prefeitura tenha desistido da folia julina após não conseguir patrocinadores para o evento, parte dos blocos decidiu ir às ruas.
Criado há 15 anos, o Bloco Saia de Chita convocou foliões. Os termômetros, que marcavam cerca de 27ºC durante a tarde, contribuíram para a animação do público. Moradora do Morumbi, zona sul, a advogada Clicia Calmon, de 44 anos, foi de carro com a cachorra, Amora, de 6 anos.
“Vim porque o dia está lindo. A gente lê e escuta tanta coisa ruim que é bom se dar um momento de relaxamento”, disse ela, que usava colar de havaiano. Já a golden retriever Amora estava com uma saia de laços colorida e atraiu atenções de quem passava.
A designer Ana Luiza Vilela, de 50 anos, conta ter descoberto que haveria carnaval na praça quando foi a uma feira de frutas e legumes em uma rua próxima. “Eu nem sabia que ia ter nada, só vi a movimentação. Mas achei até que seria uma festa junina”, disse.
Decidiu, então, levar a filha Dora, de 4 anos, e se surpreendeu com o público. “É o bloco mais cheio que vi desde que começou a pandemia.” Em Santa Cecília, região central, a Charanga do França também foi às ruas, mas com menos público.
Nas redes sociais, o Saia de Chita disse que foi surpreendido com a suspensão da festa. E afirmou ter pedido doações para fazer o desfile e ter reduzido o tamanho do cortejo.
Dezenas de ambulantes se organizaram em volta da praça. No entorno, o Estadão observou dois banheiros químicos – insuficiente para evitar que o público urinasse em ruas vizinhas. A reportagem não viu policiamento no local, mas 10 agentes da Prefeitura faziam limpeza nos arredores.
Em nota, a Prefeitura destacou as tentativas, sem sucesso, de viabilizar patrocínio privado para o evento. Informou ainda manter de mil a três mil pessoas na limpeza pública, “podendo ampliar os serviços” com novas equipes de plantão e disse que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) tem monitorado o trânsito para eventuais desvios.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que não planejou policiamento, uma vez que o evento foi cancelado. Disse ainda que a interdição de vias, sem banheiros químicos e infraestrutura do Município confronta as leis e está sujeita a multas.l