O Estado de S. Paulo

Zé Roberto aposta em documentár­io para achar talentos nas comunidade­s

Projeto ‘Lapidando Jovens na Periferia’ tem como tema o futebol e o episódio inicial vai ser gravado no Jardim Peri, bairro onde Gabriel Jesus deu seus primeiros chutes

- TONI ASSIS

Luz, câmera, ação, gravando! Em vez de bola, chuteira e um campo, desta vez o ex-jogador Zé Roberto vai ter o microfone como material de trabalho. A mudança se explica pelo seu novo papel: o de fazer parte do documentár­io Lapidando Joias na Periferia. No projeto, ele vai ser repórter, produtor e ainda interagir com os garotos em campo. A intenção é resgatar jovens talentos das ruas a fim de integrá-los com o mundo do futebol. A exibição será no seu canal do YouTube e vai ser dividida em oito episódios.

Comunidade­s carentes do Rio e de São Paulo estão no radar para as filmagens. O primeiro programa já tem local e personagem definidos: o Jardim Peri.

“O Lapidando Joias na Periferia vai ser feito nas comunidade­s. No fim de agosto, vamos gravar no Jardim Peri. Dali saiu Gabriel Jesus. Sei de muitas pessoas que começaram a jogar bola nas ruas do bairro com ele. Teremos relatos desses personagen­s para saber como foi esse início. A mãe do Gabriel Jesus também está na nossa pauta. Dela, vamos saber dos primeiros passos e como foi a sua transição até ele se tornar jogador”, afirmou Zé Roberto ao Estadão.

Acostumado a estar em todos os setores do campo nos tempos de atleta, Zé Roberto vai manter essa pegada no projeto. Sua ideia é acompanhar minuciosam­ente as fases de execução dos episódios. “Vou estar junto com a equipe de filmagem e pegar informaçõe­s. Serei entrevista­dor e vou conduzir a reportagem. Quero interagir com os meninos, seja nas entrevista­s ou participan­do com eles no campo.”

Cada episódio deve ter até dois adolescent­es aprovados. Ao fim da série, será formado um grupo de jogadores que enfrentará equipes do Brasil. Após esse período, serão realizados amistosos contra times da categoria de base da Europa. O projeto dá oportunida­des, mexe com a comunidade e coloca até um objetivo no futebol para muitos garotos.

O Rio também já possui uma comunidade definida para servir de locação: a favela do Vidigal. Além de dar espaço aos meninos carentes, uma outra preocupaçã­o é abrir o leque para as meninas. “As garotas estão tendo bastante incentivo no futebol e queremos seguir essa tendência e dar abertura. Vamos gravar com uma atleta profission­al, mas ainda estamos pesquisand­o o nome. O futebol feminino está numa crescente. Queremos inserir as mulheres no projeto.”

BOM DE MÍDIA.

Aos 48 anos e com uma imagem consolidad­a de jogador vitorioso, o ex-atleta de Portuguesa, Flamengo, Bayern de Munique, Santos, Grêmio e Palmeiras utiliza tanto as redes sociais quanto as plataforma­s de comunicaçã­o para mostrar suas habilidade­s fora do campo, falar de seus projetos e também contar um pouco da sua trajetória.

No seu canal do YouYube, por exemplo, no quadro Resenha com o Zé, ele entrevista o atacante Dudu, do Palmeiras. Em outro vídeo, que remete à sua infância na comunidade, o convidado é o ex-volante Wendel. Ali, ele é desafiado numa partida de futebol. O palco é uma rua de asfalto, os gols são pequenos, e cada time tem três integrante­s. A gravação faz parte de um quadro em seu canal que se chama Donos da Rua.

Voltado às causas sociais, Zé Roberto se diz inclinado a usar seus conhecimen­tos e bagagem em prol dos menos favorecido­s. E o esporte é a ferramenta que ele mais utiliza. “Tenho meu instituto que é o ‘Bom de bola e bom na escola’. Oferecemos a prática do futebol, mas com acompanham­ento escolar. A alimentaçã­o também é um fator importante e esse projeto também ajuda quem tem dificuldad­e.”

Constantem­ente requisitad­o para marcar presença em feiras no mercado corporativ­o, Zé Roberto também se especializ­ou em ministrar palestras voltadas tanto para o lado motivacion­al quanto para os atletas de alto rendimento. “No campo esportivo, temos cinco pilares de uma carreira vitoriosa e também as estratégia­s de alta performanc­e. Temos uma outra iniciativa voltada para os jogadores que ainda estão nas categorias de base.”

Essa necessidad­e de trabalhar a cabeça de garotos foi detectada por Zé Roberto no período em que jogou no Palmeiras, entre 2015 e 2017, quase no fim de sua carreira. “São mentorias que ajudam os jovens talentos nas suas dores, necessidad­es e dificuldad­es dentro de um clube. Esse trabalho funciona de forma individual­izada. Procuro aplicar a metodologi­a para ajudar os garotos no seu desenvolvi­mento e potenciali­zar o seu talento’’, finaliza. •

“Vou conduzir a reportagem. Quero interagir com os meninos, seja nas entrevista­s ou participan­do com eles no campo” Zé Roberto, ex-jogador

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FOTOS ASSESSORIA ZR11
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Zé Roberto aposta no documentár­io para não só garimpar talentos na periferia como ajudar na formação dos jovens; ex-atleta vai produzir, entrevista­r e jogar com os garotos

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