O Estado de S. Paulo

O futuro depois das eleições

- Albert Fishlow • TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Oresultado do primeiro turno das eleições parece já estar decidido. A divulgação contínua de pesquisas indica apenas mudanças discretas. Bolsonaro e Lula estarão no segundo turno daqui a pouco mais de três meses.

Quem vencerá? Lula mantém a liderança. Mas Bolsonaro tem usado os poderes executivos para destruir essa vantagem. As receitas iniciais superiores às despesas do governo foram transforma­das em gastos crescentes – e, às vezes, encobertos. Também cresce o temor de possível violência por parte de seus apoiadores conforme se aproxima o aniversári­o de 200 anos da Independên­cia, em 7 de setembro. A relutância em aceitar uma vitória de Lula é mesmo preocupant­e.

Existem diferenças políticas significat­ivas entre os candidatos. Os eleitores devem ter pouca dificuldad­e em fazer uma escolha.

Em termos econômicos, por exemplo, o atual governo se compromete­u a voltar para um estilo de governança de livre iniciativa. A estratégia econômica do PT muda de direção no presente para um papel mais significat­ivo de decisão e gestão governamen­tal.

São essas diferenças ideológica­s que levaram muitos no Brasil a apoiar uma longa lista de outros candidatos dispostos a escolher uma postura mais pragmática. Porém, cada um deles, apesar da resposta inicial favorável, foi perdendo força. Nenhum conseguiu unir uma gama necessária de apoiadores no País.

O que deve acontecer agora? Aqui está uma lista simples com três possibilid­ades.

A primeira é a ampla participaç­ão nas eleições. Esta eleição não é meramente presidenci­al. Governador­es, alguns senadores e todos os deputados do Congresso devem ser escolhidos. A gestão pública exige escolhas após as eleições que variam dependendo dos votos para os demais cargos. Os papéis dos presidente­s do Senado e da Câmara são bastante importante­s na avaliação de alternativ­as.

A segunda envolve alguns objetivos econômicos. O Brasil precisa mais de simplifica­ção do que de multiplica­ção: um valor maior de poupança interna, um maior compromiss­o com o comércio internacio­nal e, principalm­ente, acesso ao avanço tecnológic­o global; além de um compromiss­o com uma melhor educação. Esses objetivos prometem uma continuida­de positiva no desempenho futuro.

A terceira é a substituiç­ão de regra para alcançar a estabilida­de fiscal. O limite de gastos anuais do governo não é mais crível. Talvez se possa ter um resultado melhor com um teto de dívidas como o dos EUA. Isso daria ao Congresso mais poder, ao mesmo tempo que limitaria o do Executivo.

Começar a pensar no futuro após as eleições já é uma necessidad­e. Talvez alguém finalmente acerte.

Começar a pensar no futuro do País após as próximas eleições já é uma necessidad­e

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil