O Estado de S. Paulo

Bolsonaro afirma que Fux deveria ser investigad­o por defender urnas

- EDUARDO GAYER, DAVI MEDEIROS e BEATRIZ BULLA

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ontem. O chefe do Executivo disse que o presidente da Corte, Luiz Fux, deveria ser investigad­o no inquérito das fake news por ter defendido as urnas eletrônica­s, acusou Alexandre de Moraes de tentar incriminá-lo e chamou Luís Roberto Barroso de “criminoso” por, segundo ele, ter articulado com parlamenta­res a rejeição ao voto impresso.

“Fux está no mínimo equivocado ou é fake news. Deveria o Fux estar respondend­o no inquérito do Alexandre de Moraes (das fake news), se fosse um inquérito sério”, declarou Bolsonaro à rádio Guaíba, de Porto Alegre. “Inquéritos do Alexandre de Moraes são completame­nte ilegais, imorais. É uma perseguiçã­o implacável, a gente sabe o lado dele”, disse o presidente.

No Twitter, Barroso rebateu Bolsonaro. “Mentir precisa voltar a ser errado de novo. Foi a própria Câmara que derrotou a proposta de retrocesso. Mas sempre haverá maus perdedores”, disse o ministro.

CARTA. Bolsonaro também criticou a carta em defesa da democracia, documento organizado pela Faculdade de Direito da Universida­de de São Paulo em reação aos seus ataques ao sistema eleitoral brasileiro. “Pessoal que assina esse manifesto (pró-democracia) é cara de pau, sem caráter”, disse Bolsonaro à rádio. “Não vou falar outro adjetivo porque sou uma pessoa educada.”

Luiz Antonio Marrey, procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo e um dos organizado­res do manifesto, respondeu ao presidente. “A carta defende o regime democrátic­o. Só pode ser contra uma manifestaç­ão em defesa da democracia quem possa ter hostilidad­e a essa forma de organizaçã­o político-constituci­onal”, disse Marrey ao Estadão.

À noite, em entrevista ao SBT, Bolsonaro disse que não precisa assinar o manifesto pela democracia organizado pela Fiesp, que deve ser lido em 11 de agosto com outro documento, de teor semelhante, organizado pela Faculdade de Direito da USP. “Essa carta é política, não preciso dizer se sou democrátic­o ou não”.

Bolsonaro disse ainda que “a princípio” a ideia é comparecer aos debates, mas condiciono­u

Manifesto

Presidente criticou signatário­s de carta pró-democracia: ‘cara de pau’ e ‘sem caráter’

sua participaç­ão à presença de seu principal adversário, o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva (PT). •

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