O Estado de S. Paulo

Tucanos exaltam ‘docilidade’ e ‘beleza’ em ato de Gabrilli e Tebet

Em anúncio de chapa feminina para Planalto, líderes constrange­m mulheres e falam em controlar rebeldia de economista

- PEDRO VENCESLAU GIORDANNA NEVES

Em um evento marcado por declaraçõe­s de políticos do PSDB e do Cidadania que causaram constrangi­mento no público feminino, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi confirmada ontem como candidata a vice na chapa presidenci­al da também senadora Simone Tebet (MDB-MS). Mara, que está no meio do mandato no Senado, foi escolhida pelos tucanos após o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) declinar do convite. A chapa foi intitulada “Amor e Coragem”.

“Elas estão bonitas hoje. Se produziram. Eu presto atenção. O Tasso presta também”, disse o senador José Serra (PSDB-SP), rindo, em seu discurso. Em outro momento, Tasso afirmou que a economista Elena Landau, que coordena o plano de governo de Simone na área econômica, “é meio rebelde, mas a gente controla”. Em seguida, Tasso disse que só a “docilidade” das mulheres pode “unir este País”.

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que seria preciso uma cota de 20% para homens na campanha da chapa. “Sei como é difícil para nós, homens, que fomos criados para não ter esse romantismo e gentileza, falar de amor. As mulheres sabem falar de amor”, disse o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

Apesar dos risos da plateia durante as falas, Simone Tebet, Mara Gabrilli e Elena Landau

“Elas estão bonitas hoje. Se produziram. Eu presto atenção. O Tasso presta também.”

José Serra (PSDB-SP)

Senador

mantiveram-se impassívei­s.

DISCURSO. Tanto Mara quanto Simone fizeram críticas ao PT e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) ao discursare­m durante o evento. “Quis o PT puxar nosso tapete. Um dia a história saberá”, afirmou Simone em referência aos encontros do expresiden­te Luiz Inácio Lula da

Silva com líderes do MDB, no mês passado, na tentativa de ampliar a base de apoio.

Já Mara retomou o assassinat­o do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002, quando o pai dela tinha uma empresa de ônibus na cidade. “Eu vivi dentro de casa meu pai sendo extorquido pelo PT com uma arma na cabeça”, disse a senadora.

FIM DO IMPASSE. A confirmaçã­o de Mara como vice na chapa de Simone ocorre após a resolução do impasse entre o MDB e o PSDB no Rio Grande do Sul. Ficou acertado que o exgovernad­or Eduardo Leite (PSDB) terá o apoio dos emedebista­s, que indicaram o vice.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-ma) também era cotada para a vice de Simone, mas os tucanos não abriram mão de indicar um nome da legenda. Esta será a primeira vez, desde a criação do partido, que o PSDB não terá candidato próprio à Presidênci­a.

A ex-prefeita de Caruaru e pré-candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) também foi apontada como uma opção para compor a chapa. Porém, diante do seu desempenho no Estado, avaliou que não valeria a pena abrir mão da disputa regional. •

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MARCELO CHELLO / ESTADÃO Mara Gabrilli (centro à esq.), que será vice de Simone Tebet (centro à dir.); críticas a Lula e ao PT

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