Tucanos exaltam ‘docilidade’ e ‘beleza’ em ato de Gabrilli e Tebet
Em anúncio de chapa feminina para Planalto, líderes constrangem mulheres e falam em controlar rebeldia de economista
Em um evento marcado por declarações de políticos do PSDB e do Cidadania que causaram constrangimento no público feminino, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi confirmada ontem como candidata a vice na chapa presidencial da também senadora Simone Tebet (MDB-MS). Mara, que está no meio do mandato no Senado, foi escolhida pelos tucanos após o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) declinar do convite. A chapa foi intitulada “Amor e Coragem”.
“Elas estão bonitas hoje. Se produziram. Eu presto atenção. O Tasso presta também”, disse o senador José Serra (PSDB-SP), rindo, em seu discurso. Em outro momento, Tasso afirmou que a economista Elena Landau, que coordena o plano de governo de Simone na área econômica, “é meio rebelde, mas a gente controla”. Em seguida, Tasso disse que só a “docilidade” das mulheres pode “unir este País”.
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que seria preciso uma cota de 20% para homens na campanha da chapa. “Sei como é difícil para nós, homens, que fomos criados para não ter esse romantismo e gentileza, falar de amor. As mulheres sabem falar de amor”, disse o presidente do Cidadania, Roberto Freire.
Apesar dos risos da plateia durante as falas, Simone Tebet, Mara Gabrilli e Elena Landau
“Elas estão bonitas hoje. Se produziram. Eu presto atenção. O Tasso presta também.”
José Serra (PSDB-SP)
Senador
mantiveram-se impassíveis.
DISCURSO. Tanto Mara quanto Simone fizeram críticas ao PT e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) ao discursarem durante o evento. “Quis o PT puxar nosso tapete. Um dia a história saberá”, afirmou Simone em referência aos encontros do expresidente Luiz Inácio Lula da
Silva com líderes do MDB, no mês passado, na tentativa de ampliar a base de apoio.
Já Mara retomou o assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002, quando o pai dela tinha uma empresa de ônibus na cidade. “Eu vivi dentro de casa meu pai sendo extorquido pelo PT com uma arma na cabeça”, disse a senadora.
FIM DO IMPASSE. A confirmação de Mara como vice na chapa de Simone ocorre após a resolução do impasse entre o MDB e o PSDB no Rio Grande do Sul. Ficou acertado que o exgovernador Eduardo Leite (PSDB) terá o apoio dos emedebistas, que indicaram o vice.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-ma) também era cotada para a vice de Simone, mas os tucanos não abriram mão de indicar um nome da legenda. Esta será a primeira vez, desde a criação do partido, que o PSDB não terá candidato próprio à Presidência.
A ex-prefeita de Caruaru e pré-candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) também foi apontada como uma opção para compor a chapa. Porém, diante do seu desempenho no Estado, avaliou que não valeria a pena abrir mão da disputa regional. •