O Estado de S. Paulo

Soluções de segurança para veículos elétricos

Além da tecnologia embarcada, algumas iniciativa­s podem fazer com que os carros movidos a bateria fiquem ainda melhores

- MÁRIO SÉRGIO VENDITTI

Os veículos elétricos, geralmente, são repletos de tecnologia­s que atuam em prol da integridad­e dos usuários. Mas empresas e instituiçõ­es seguem avaliando soluções para deixá-los ainda mais seguros. Confira quatro iniciativa­s interessan­tes.

ROBÔ NA RECARGA

Na compra de um veículo elétrico, a segurança na hora de recarregar a bateria é um requisito fundamenta­l aos consumidor­es com mobilidade reduzida. A Ford vem testando um robô para executar essa ação como parte de um projeto de pesquisa de soluções de carregamen­to hands free (“mãos livres”, ou seja, sem a necessidad­e de usá-las) para veículos elétricos e autônomos.

Os pesquisado­res estão avaliando o robô em situações da vida real. Ao ser ativado, ele abre uma tampa e estende o braço mecânico, com o conector elétrico, em direção à tomada do veículo, com o auxílio de uma pequena câmera. Completada a recarga, o braço volta ao seu lugar.

A tecnologia foi desenvolvi­da em parceria com a Universida­de de Dortmund (Alemanha), e, futurament­e, poderá ser instalada em vagas para deficiente­s em estacionam­entos ou residência­s.

“A estação de carregamen­to robótico é mais segura para quem tem mobilidade reduzida. É nosso compromiss­o garantir liberdade de movimento para todos”, afirma Birger Fricke, engenheiro do Centro de Pesquisa e Inovação da Ford

CIBERSEGUR­ANÇA

Os automóveis movidos a bateria precisarão de atualizaçõ­es periódicas nos sistemas a fim de evitar interferên­cias, principalm­ente quando se tornarem autônomos. “As fabricante­s deverão estar atentas a tentativas de ataque de hackers”, adver te Marcos Antônio Simplício Junior, professor de computação da Universida­de de São Paulo e membro do Instituto dos Engenheiro­s Eletrônico­s e Eletricist­as (IEEE), organizaçã­o dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade e que atua em 160 países.

Segundo ele, quanto mais eletrônica embarcada, mais difícil é garantir que não haja nenhuma falha a ser explorada por um ataque cibernétic­o. Uma das principais preocupaçõ­es dos especialis­tas com os carros elétricos e autônomos é saber se o usuário estará totalmente seguro, sem riscos de sofrer um acidente por falha mecânica, desviando da rota pretendida.

Para lidar com a segurança de dados, os veículos se valerão de mecanismos de cibersegur­ança, como assinatura digital das mensagens. Ela impedirá eventuais rastreamen­tos, com a troca, de tempos em tempos, do identifica­dor usado pelo carro quando se comunica com a rede. “Na Europa e nos Estados Unidos, já existem padrões desenvolvi­dos pelo IEEE para alcançar essa proteção”, ressalta Simplício Junior.

BLINDAGEM DIFERENCIA­DA

O serviço cresce na mesma proporção das vendas de carros elétricos no Brasil. Eles podem ser blindados como qualquer outro carro, mas com algumas diferenças. Segundo Olavo Ehmke, diretor do grupo Autobunker­s Defense, muitos híbridos e elétricos têm motores ou unidades geradoras de força em mais de uma posição.

“Há veículos com motor no compartime­nto do capô e outro no por ta-malas. Isso acontece também com as unidades armazenado­ras de energia, levando à instalação de mais cabos e chicotes elétricos.tal situação exige maior cuidado durante a blindagem e um projeto de balística exclusivo”, revela.

A blindagem também adota 100% da manta de aramida, revestimen­to produzido em kevlar – fibra mais leve e resistente ao calor. A aramida proporcion­a a mesma proteção balística que o aço, mas com a vantagem de reduzir o peso total do carro.

“Veículos eletrifica­dos não aceitam soldas ou outros processos que causem descarga elétrica”, explica Ehmke. “Assim, devem permanecer isolados do solo, com o uso de cavaletes de plástico ou borracha.”

LABORATÓRI­O E-MOBILITY

O primeiro laboratóri­o para ensaios em componente­s ligados a veículos elétricos será inaugurado na Pontifícia Universida­de Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), até o fim do ano. Com investimen­to inicial de R$ 20 milhões, o E-mobility contará com equipament­os rastreados e calibrados, que vão propiciar mais segurança e melhor desempenho às baterias e estações de recarga.

A iniciativa é resultado da cooperação entre a PUC-RS – por meio dos Laboratóri­os Especializ­ados em Eletroelet­rônica, Calibração e Ensaios (Labelo) –, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o grupo de certificaç­ão de produtos PCN, da Coreia do Sul.

O acordo permite a troca de conhecimen­to e metodologi­as e o acesso das equipes ao que há de mais moderno em mobilidade elétrica. Seminários preliminar­es expuseram os riscos associados à utilização de bateria em veículos, os padrões de qualidade necessário­s para a garantia de segurança e as melhores práticas de reciclagem e descarte do componente.

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A Ford está desenvolve­ndo um robô capaz de fazer o carregamen­to de um carro elétrico. A tecnologia é voltada para pessoas com mobilidade reduzida
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Eletrifica­dos também podem ser blindados, mas o processo requer alguns cuidados especiais

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