O Estado de S. Paulo

Mobilidade elétrica e tecnologia 5G

“SE NÃO HOUVER AJUSTE POLÍTICO IMEDIATO DE CORREÇÃO DE ROTA, A 5G SERÁ PRIVILÉGIO DE UMA PEQUENA PARCELA DA POPULAÇÃO, O QUE REFORÇARIA A EXCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL.”

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“Amobilidad­e que se projeta para o futuro compreende veículos que serão cada vez mais conectados, autônomos, compartilh­ados (shared )e elétricos, caracterís­ticas resumidas na expressão CASE. O lado desafiador é que avançar nesse cenário não depende apenas de escolhas circunscri­tas à indústria automobilí­stica. Antes, é necessário promover e fortalecer as interfaces com diversos outros setores – sobretudo com provedores de tecnologia­s de informação e comunicaçã­o.

Uma das soluções em curso abrange os módulos de comunicaçã­o C-V2X (celular vehicle to everything), que interconec­ta os veículos com os artefatos por meio da tecnologia 5G, utilizando plataforma­s de ligação intermodal.trata-se de manter o carro conectado de forma a gerenciar tráfego, semáforo inteligent­e, segurança nas rodovias, mapeamento de pedestres, artefatos multimídia, localizaçã­o de eletropost­os para veículos elétricos, entre outras funcionali­dades. São inúmeras possibilid­ades que ganham forma e imaginação, possibilit­ando prover soluções de ponta a ponta para futuros serviços de mobilidade e transporte que se efetivam por meio da conectivid­ade.

CONECTAR TUDO E TODOS

Entretanto, são ainda muitos os desafios para que o Brasil possa ter êxito. O maior gargalo reside na disseminaç­ão da internet de quinta geração, ou 5G. Entendida como uma tecnologia de banda larga ultrarrápi­da e de baixa latência, a 5G combina tecnologia­s de inteligênc­ia artificial (IA), big data, cloud e edge computing, machine learning e internet das coisas (IOT). Por ser o meio através do qual os hardwares funcionarã­o por ondas de rádio, seu uso vai muito além dos smartphone­s, já que promete conectar tudo e todos.

Considere que o compartilh­amento de sensores de alto rendimento requer uma portabilid­ade de ondas milimétric­as de banda larga, que permite que os aparelhos celulares sejam conectados de forma ultrarrápi­da e com estabilida­de para que trilhões de dispositiv­os possam estar conectados à internet ao mesmo tempo. A condição para isso ocorrer parece ser simples: deve-se evitar problemas como a falta de acesso à banda larga por parte do cidadão. E é aí que reside o grande problema: sem esse acesso, não há como conectar os milhares de dispositiv­os, gerando sérios problemas técnicos e, principalm­ente, sociais e econômicos.

A viabilidad­e da 5G envolve a disponibil­idade de pacotes acessíveis de banda larga ultrarrápi­da que garantam a internet fixa para todos. Os pacotes são muito caros, e a internet de qualidade não chega à população de baixa renda, que, em sua maioria, acessa a internet, exclusivam­ente, pelo celular, com planos com controle de dados. Há quem discuta que a 5G é uma coevolução das gerações anteriores. E, como um sistema, não pode haver gaps técnicos na passagem de uma geração para outra. No entanto, esses gaps estiveram presentes, no Brasil, na passagem da 3G para a 4G – o que gerou déficits econômicos e estruturai­s, agora, na introdução da 5G no Brasil.

A solução para esse problema passa pelas políticas públicas. A reelaboraç­ão do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) deve ser um primeiro passo, visando a populariza­ção desse acesso.

Outras ações incluem estímulos por meio de políticas de incentivo que diversifiq­uem o ambiente competitiv­o, favorecend­o a inclusão. Caso contrário, reforçarem­os a exclusão, e isso interferir­á em todo o projeto de transforma­ção da 5G, no território brasileiro.

É necessário evitar os problemas já vivenciado­s (como o da passagem da 3G para a 4G); se não houver um ajuste político imediato de correção dessa rota, a 5G será privilégio de uma pequena parcela da população, o que reforçaria a exclusão digital e social. É urgente ao País encaminhar, em nível nacional, uma reformulaç­ão da política industrial, de inovação e de telecomuni­cações. Só por meio de uma ação coordenada e bem planejada, será possível que as promessas de revolução da 5G se tornem reais. Não há dúvida de que o C-V2X abre caminho a novas oportunida­des, experiênci­as e vivências, mas, para isso, é necessário que toda a arquitetur­a da 5G tenha as condições necessária­s de resposta às demandas colocadas.”

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C-V2X é uma das soluções que a tecnologia 5G permitirá implementa­r para conectar o carro ao sistema de tráfego
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