O Estado de S. Paulo

‘Luck’ inaugura um novo estúdio de animação

Streaming Estreia

- MARIANE MORISAWA

Filme que chega à Apple TV+ marca o lançamento da Skydance, empresa dirigida por John Lasseter, ex-pixar e Disney

Protagonis­tas femininas ainda são raras nas animações de Hollywood. Protagonis­tas femininas que não são princesas, mais ainda. Foi justamente por Sam (voz original de Eva Noblezada), a personagem principal de Luck, ser uma adolescent­e normal, prestes a sair do cuidado adotivo, que Peggy Holmes aceitou dirigir o filme que estreia nesta quinta, 4, na Apple TV+. “Queríamos que as pessoas se identifica­ssem com ela. E que seu mundo fosse muito parecido com o nosso. Que essa garota que reconhecem­os, que vemos, que é nossa vizinha fosse para um mundo mágico”, disse a diretora em entrevista ao Estadão, por videoconfe­rência.

Sam não foi adotada e, ao completar 18 anos, precisa viver sozinha. A adolescent­e, extremamen­te azarada, encontra e perde uma moeda da sorte e conhece seu dono, Bob, um gato preto falante (voz de Simon Pegg no original e Gregório Duvivier no Brasil). Ela segue o bicho até a Terra da Sorte, habitado por criaturas mágicas e administra­do por um dragão (voz original de Jane Fonda). Sam e Bob unem forças porque, se for descoberto que ele perdeu uma das moedas da sorte, pode ser banido para a Terra da Má Sorte.

Luck é o primeiro longa-metragem produzido pelo estúdio Skydance, de David Ellison. O setor é chefiado por John Lasseter, o gênio criador da Pixar que revolucion­ou as animações Disney nas últimas décadas, mas saiu depois de ser acusado de conduta imprópria, na esteira do movimento Me Too. Sua contrataçã­o rendeu algumas críticas, mas Ellison rebateu dizendo que ele nunca foi formalment­e acusado de assédio ou abuso sexual nem fez acordos com pessoas que o acusassem disso.

Lasseter trouxe para a Skydance algumas das coisas que instalou na Pixar e na Disney, como um conselho de cérebros e muita pesquisa. No caso de Luck, Holmes e o roteirista Kiel Murray conversara­m com jovens recém-saídos do sistema de cuidado adotivo, que coloca crianças sob a tutela de instituiçõ­es ou pessoas até que sejam formalment­e adotadas. “Apesar de sua má sorte na vida, eles continuava­m esperanços­os, otimistas e generosos”, contou Holmes. “Eles fariam tudo por seus amigos. Por isso, quisemos que esse fosse o centro emocional da história. Eu gosto de histórias otimistas.”

Para o ator Simon Pegg, uma das mensagens do filme se parece com o verso dos Beatles que diz “O amor que temos é equivalent­e ao amor que damos” e que, inclusive, o ator tem tatuado no braço.

É da atriz Jane Fonda a voz, no original, do dragão que habita a Terra da Sorte junto com criaturas mágicas

“De certa forma, o longa fala que a sorte tem a ver com o que você coloca no mundo, não um pó mágico”, afirmou. “Tem a ver com a maneira como se comporta e age com as outras pessoas. É uma boa mensagem para as crianças – e para os adultos também, especialme­nte neste momento.”

Duvivier pensa da mesma maneira. “Eu acredito que dá sorte acreditar na sorte”, observou. “Não gosto de gente que cultiva a Lei de Murphy. Se você procura, você encontra. Embora não acredite na sorte, eu agradeço a ela todos os dias, porque me acho um cara muito sortudo, inclusive por estar fazendo este filme.” •

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OTIMISMO.
APPLE TV+ O gato falante Bob e a jovem Sam: parceria na Terra da Sorte OTIMISMO.

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