Bahia de todos os afetos
São poucos pratos, todos com sotaque baiano, reunidos por uma seleção afetiva do dono da casa: o ensopado de frango com quiabo da mãe, o arroz com xinxim de galinha da tia, a moqueca da avó, a carne de sol que o padrasto matura por dez dias… Essa é a essência do restaurante Preto Cozinha, instalado numa casa decorada com charme à base de concreto, luz natural e plantas, em Pinheiros.
O soteropolitano Rodrigo Freitas, o Preto, aprendeu a cozinhar na infância, acompanhando as mulheres da família. Estudou Direito e sempre trabalhou na área, até o início da pandemia, quando resolveu realizar o sonho de ter o próprio restaurante. Desde maio, se equilibra entre duas ocupações: é advogado de compliance de um app de comida e chef-proprietário do restaurante batizado com seu apelido. Até agora está dando conta – para facilitar, montou seu escritório na sobreloja do restaurante.
O lugar é despretensioso, arejado, com preparação à vista do cliente e diferentes ambientes – o ponto alto é o quintal no andar de baixo, com plantas e mesas. O cardápio é enxuto, mas atraente, feito à base de poucos e bons ingredientes cuidadosamente selecionados, como o dendê artesanal que vem da Bahia e o camarão seco pescado e processado à moda tradicional por uma comunidade do Recôncavo. A ideia é aproveitar os produtos integralmente e usá-los várias vezes. A tapioca, por exemplo, empana o camarão encapotado na entrada – uma delícia que envolve o camarão pistola em massa de aipim e tapioca crocante (R$ 34); faz o beiju de tapioca com vinagrete de polvo (R$ 37); e dá sabor ao sorvete servido na sobremesa com cocada de forno, bolinho de estudante crocante e brotos de coentro (R$ 37).
Para começar, peça o pastel de arraia, com recheio cremoso, bem temperado com leite de coco e dendê artesanais (R$ 37). Se tiver de provar apenas um prato, a dica é o arroz de xinxim de galinha. É um arroz caldoso, cheio de sabor, apimentado na medida certa para instigar sem exageros, que leva sobrecoxa de galinha, camarão seco e castanhas e acompanha farofa de banana (R$ 77). Outra boa pedida é a carne de sol (R$ 94), maturada por dez dias, rapidamente grelhada e servida, suculenta, em pedaços, acompanhada de purê de aipim e vinagrete de maxixe. Quero voltar para provar a feijoada de frutos do mar (R$ 187, para 2 pessoas), feita com feijão-branco, camarão, polvo, lula, servida com arroz de coco. Lugar descontraído, contemporâneo, para comer sem pressa.
Rua Fradique Coutinho, 276, Pinheiros. 2.ª, 4.ª, 5.ª e 6.ª, 12h/23h; sáb. 12h/1h; dom. 12/18h. Fecha 3.ª. •
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