O Estado de S. Paulo

Licença para gastar em 2023

- Adriana Fernandes adriana.fernandes@estadao.com REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

Acriação de um programa especial para um gasto temporário fora do teto, até a entrada em vigor de um novo arcabouço fiscal para o Brasil, está se consolidan­do como uma das alternativ­as mais viáveis para as contas públicas em 2023.

A proposta dá tempo ao próximo governo para administra­r o aumento de gastos já contratado com a elevação de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil e espaço para fazer alguns investimen­tos prioritári­os, sem estrangula­r o custeio da máquina administra­tiva dos ministério­s.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) prometeram manter esse valor no ano que vem, caso eleitos. Por enquanto, o adicional de R$ 200 só vale até 31 de dezembro.

Na campanha de Lula, essa proposta vem sendo discutida. É tratada como uma espécie de “waiver” (dispensa) para o aumento de gastos ao longo de 2023. Não só para o auxílio, mas também para um grupo de investimen­tos prioritári­os. Nesse período do “waiver”, o time econômico de Lula discutiria a introdução de um novo regime fiscal para o teto de gastos.

Já na campanha do presidente Bolsonaro, o aumento dos gastos é dado como certo com a aprovação de uma nova PEC.

Foi o presidente que se antecipou ao falar, durante entrevista ao SBT, que iria enviar uma PEC ao Congresso para viabilizar o Auxílio Brasil de

Programa especial daria tempo para o próximo governo administra­r gastos já contratado­s

R$ 600 em 2023. Ele tocou num detalhe técnico, mas importante: disse que a proposta de Lei Orçamentár­ia vai para o Congresso com esse valor. O projeto tem de ser enviado até 31 de agosto.

Conforme já mostrou a coluna, o envio do projeto do Orçamento de 2023 com o valor de R$ 400, como tecnicamen­te terá de fazer a equipe do Ministério da Economia, é politicame­nte complicado num momento importante da campanha ao Palácio do Planalto.

No mercado financeiro, a proposta de uma nova licença para gastar não enfrenta tanta resistênci­a. Mas a Faria Lima quer saber: quanto? Por quanto tempo? E qual o compromiss­o com uma regra futura que controle as despesas?

O documento “Contribuiç­ões para um governo democrátic­o e progressis­ta”, elaborado pelo chamado “Grupo dos Seis” (Bernard Appy, Pérsio Arida, Francisco Gaetani, Marcelo Medeiros, Carlos Ari Sundfeld e Sérgio Fausto), dá força para esse caminho, ao propor um programa especial de 1% do PIB de aumento de gastos até entrar em vigor um novo regime fiscal.

O grupo avalia que essa licença para o gasto garantiria condições de governabil­idade para o próximo presidente eleito. Tudo indica que está havendo uma conversa com os russos. •

SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi e Henrique Meirelles (revezam quinzenalm­ente) TER. Pedro Fernando Nery e Demi Getschko (quinzenalm­ente) QUA. Fábio Alves QUI. Adriana Fernandes SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalm­ente) e Pedro Doria SAB. • • • • • Adriana Fernandes DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalm­ente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalm­ente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês) •

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil