Berço de grandes cabernet sauvignon?
As uvas do vinho Almaviva vêm de Puente Alto, pequena zona vinícola próxima a Santiago, no Chile. As de Don Melchor, também, aliás, de uma vinha ao lado do Almaviva. Assim como as do Viñedo Chardwick, um antigo campo de polo transformado em vinhedo por Eduardo Chadwick. Agora, o novo rótulo premium da Concha y Toro, o Marques de Casa Concha Heritage, é mais um cabernet sauvignon de Puente Alto, com uvas do vinhedo El Marichal.
Com esses vinhos ícones como cartão de visita, a Denominação de Origem (DO) Puente Alto se destaca como uma das boas moradas para a cabernet sauvignon no Chile. Do total de quase 140 mil hectares de vinhas do país, Puente Alto tem míseros 471 hectares, 446 deles cultivados com variedades tintas. As vinhas crescem embaladas pelas influências da Cordilheira dos Andes, com suas brisas frias, do Rio Maipo, que traz as águas do degelo da montanha, e com um solo formado pelas erupções vulcânicas e pelas erosões de milhares de anos.
“Puente Alto é um dos grandes terroirs para a cabernet sauvignon no mundo”, empolga-se Enrique Tirado, o gerente-geral da Viña Don Melchor.
Deve-se dizer que há outros grandes cabernets chilenos de outras zonas, o Casa Real, da Santa Rita, para ficar em apenas um exemplo, vem de Alto
Não tem como não lembrar de Puente Alto quando o tema é cabernet sauvignon premium
Jahuel, no Alto Maipo. Mas é fato que Puente Alto dá origem aos cabernet chilenos mais famosos. Segundo Tirado, mesmo com solo e clima diversos de Pauillac, onde estão os grandes cabernet sauvignon de Bordeaux, ou da Califórnia, morada dos cabernets americanos, as uvas nesta região chilena amadurecem com a mesma complexidade dessas duas referências.
A crença no diferencial dessa denominação levou a Concha y Toro a investir na maior divulgação da região e a apostar em um segundo tinto premium originário desta DO. “Não acredito que uma marca premium pode atrapalhar a outra”, diz Isabel Guilisasti, vice-presidente da CYT, que esteve no Brasil para o lançamento do Marques de Casa Concha Heritage.
Pelo perfil diverso dos dois vinhos, e também pelo preço – o novo rótulo será comercializado pela VCT Brasil por R$ 600, enquanto o Don Melchor é vendido pelo dobro do valor –, ela acredita que o Heritage deve fortalecer a imagem de Puente Alto como berço da cabernet sauvignon. O tinto recém-lançado, elaborado pelo enólogo Marcelo Papa, se destaca pelas notas frutadas, enquanto o Don Melchor tem maior complexidade e elegância. Com esse quarteto, não tem como não lembrar de Puente Alto quando o tema é cabernet sauvignon premium. •