O Estado de S. Paulo

Berço de grandes cabernet sauvignon?

- Le Vin Filosofia Suzana Barelli instagram: @suzanabare­lli SUZANA BARELLI É JORNALISTA ESPECIALIZ­ADA EM VINHOS

As uvas do vinho Almaviva vêm de Puente Alto, pequena zona vinícola próxima a Santiago, no Chile. As de Don Melchor, também, aliás, de uma vinha ao lado do Almaviva. Assim como as do Viñedo Chardwick, um antigo campo de polo transforma­do em vinhedo por Eduardo Chadwick. Agora, o novo rótulo premium da Concha y Toro, o Marques de Casa Concha Heritage, é mais um cabernet sauvignon de Puente Alto, com uvas do vinhedo El Marichal.

Com esses vinhos ícones como cartão de visita, a Denominaçã­o de Origem (DO) Puente Alto se destaca como uma das boas moradas para a cabernet sauvignon no Chile. Do total de quase 140 mil hectares de vinhas do país, Puente Alto tem míseros 471 hectares, 446 deles cultivados com variedades tintas. As vinhas crescem embaladas pelas influência­s da Cordilheir­a dos Andes, com suas brisas frias, do Rio Maipo, que traz as águas do degelo da montanha, e com um solo formado pelas erupções vulcânicas e pelas erosões de milhares de anos.

“Puente Alto é um dos grandes terroirs para a cabernet sauvignon no mundo”, empolga-se Enrique Tirado, o gerente-geral da Viña Don Melchor.

Deve-se dizer que há outros grandes cabernets chilenos de outras zonas, o Casa Real, da Santa Rita, para ficar em apenas um exemplo, vem de Alto

Não tem como não lembrar de Puente Alto quando o tema é cabernet sauvignon premium

Jahuel, no Alto Maipo. Mas é fato que Puente Alto dá origem aos cabernet chilenos mais famosos. Segundo Tirado, mesmo com solo e clima diversos de Pauillac, onde estão os grandes cabernet sauvignon de Bordeaux, ou da Califórnia, morada dos cabernets americanos, as uvas nesta região chilena amadurecem com a mesma complexida­de dessas duas referência­s.

A crença no diferencia­l dessa denominaçã­o levou a Concha y Toro a investir na maior divulgação da região e a apostar em um segundo tinto premium originário desta DO. “Não acredito que uma marca premium pode atrapalhar a outra”, diz Isabel Guilisasti, vice-presidente da CYT, que esteve no Brasil para o lançamento do Marques de Casa Concha Heritage.

Pelo perfil diverso dos dois vinhos, e também pelo preço – o novo rótulo será comerciali­zado pela VCT Brasil por R$ 600, enquanto o Don Melchor é vendido pelo dobro do valor –, ela acredita que o Heritage deve fortalecer a imagem de Puente Alto como berço da cabernet sauvignon. O tinto recém-lançado, elaborado pelo enólogo Marcelo Papa, se destaca pelas notas frutadas, enquanto o Don Melchor tem maior complexida­de e elegância. Com esse quarteto, não tem como não lembrar de Puente Alto quando o tema é cabernet sauvignon premium. •

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