Ginastas contam como a pandemia afetou os ciclos de Tóquio e Paris
Quase um ano depois de Tóqui0-2020, os melhores esportistas do mundo já estão no que seria a metade do intervalo até a próxima Olimpíada com a proximidade de Paris2024. Por causa da pandemia de covid-19, os últimos Jogos foram disputados somente em 2021, e isso mudou o chamado ciclo olímpico – que foi praticamente “emendado”.
Além do peso que tantos cancelamentos de competições trouxeram às suas rotinas, o cronograma de treinos também foi afetado e o calendário, modificado. Como resultado, os atletas tiveram de adaptar seu dia a dia, elaborar uma preparação técnica sem campeonatos importantes – ou até descansar e aproveitar o desgaste menor com um ano a menos de atividades.
No começo de 2020, restavam apenas alguns meses para o começo dos Jogos de Tóquio. Muitos atletas estavam na fase final de preparação, mas a covid-19 rapidamente se espalhou e a OMS decretou pandemia, o que resultou no fechamento de ginásios, centros de treinamento e, não menos importante, no cancelamento de competições.
O ginasta Arthur Zanetti, que buscava sua terceira medalha consecutiva, se viu sem campeonatos para disputar. “A gente estava em Baku em 2020 (na Copa do Mundo). Eu, deitado na cama para dormir, recebi a notícia da competição ter sido cancelada. Foi mais ou menos em março de 2020 isso, e só voltou em uma Copa no Catar (em junho de 2021), onde nos adaptamos para o Japão’’, recorda.
Flávia Saraiva, ouro nas Olimpíadas da Juventude de 2014 e em etapas da Copa do Mundo, teve de dar um jeito de gastar a energia de uma atleta de um esporte tão movimentado e explosivo. “Eu treino 7 horas por dia. Não aguentava mais ficar em casa o tempo todo. Meu lar virou um ginásio: tinha bicicleta, mini trave… a gente foi se adaptando, mas nada comparado a um ginásio. A gente requer muito espaço, e em casa não tem”, diz.
Para Paris, Flávia crê que a maneira como a FIG (Federação Internacional de Ginástica) lidou com o ciclo manterá o esporte estável e Zanetti enxerga ele e seus rivais na mesma condição, com uma ressalva: “Alguns países que treinam concentrados no próprio centro, como China e Rússia, podem ter vantagem’’, analisa.