Empresas podem ficar sem crédito, caso tendência de juro alto se confirme
Caso se confirme que os juros ficarão acima de dois dígitos por mais tempo, como prevê o mercado em relação às taxas de longo prazo, as empresas começarão a sofrer de maneira mais séria. Se até agora os grandes grupos estão bem estruturados, caso essa realidade se estenda, eles serão obrigados a vender ativos e a cancelar projetos de expansão. A taxa DI para 2028, por exemplo, que mostra como o mercado vê os juros para aquele ano, está sendo negociada acima de 12%. Seriam sete anos de juros em dois dígitos. Sem a opção de captarem recursos na Bolsa ou no exterior, a renda fixa é um dos poucos caminhos abertos às empresas para levantar dinheiro.
SEM CHANCE. Os profissionais • que trabalham no mercado de dívida dizem que essa equação não se sustentará indefinidamente se o custo de refinanciamento permanecer elevado por muito tempo. Isso quer dizer que até mesmo o mercado de renda fixa pode se fechar para as empresas que precisam captar recursos.
SECOU. Entre outros motivos, • o custo de endividamento elevado tende a comprometer os números de balanço de várias delas. Com juros em dois dígitos por muito tempo, será difícil o retorno de algum projeto compensar. Somada à perspectiva de que o mercado de ações seguirá restrito por mais alguns meses, o cenário de potencial fechamento também do mercado de renda fixa tem preocupado a Faria Lima.
ÁGUA NO PESCOÇO. As empresas • fora do grupo das menos endividadas já estão sentindo na pele esse impacto. No cenário do juro, da crise global e das eleições presidenciais, os investidores já estão pedindo prêmio maior para comprar papéis dessas companhias.
• MAIS EMBAIXO. A Plano & Plano vai lançar nas próximas semanas o empreendimento com as unidades mais baratas de seu portfólio. O projeto em São Paulo terá 60% dos apartamentos com valores entre R$ 155 mil e R$ 170 mil, bem abaixo do preço médio das unidades vendidas pela companhia no segundo trimestre, que foi de R$ 194,6 mil.
CONTRACORRENTE. A iniciativa • vai na contramão da tendência do mercado. As incorporadoras têm subido os preços para repassar o aumento dos custos de materiais. O objetivo foi desenvolver um produto para caber no bolso dos consumidores que vêm perdendo renda.
• ACIRRADO. Apesar de a projeção de crescimento do PIB brasileiro ser inferior a 2% neste ano e seguir decaindo para 2023, escritórios de agentes autônomos têm planos de expansão grandes para os próximos anos. A Nexgen Capital pretende chegar a 10 novas localidades em 18 meses. Para dar um pontapé nesse plano, o escritório inaugura, em setembro, uma filial em Rio Verde (GO).
• DISPUTA. A Faros Private Investimentos conseguiu, em pouco mais de um ano e meio, triplicar o total sob assessoria na filial em Belo Horizonte. O escritório mineiro, que resultou da maior fusão na rede XP, passou de R$ 1,5 bilhão no fim de 2020 para os atuais R$ 8 bilhões sob custódia.