O Estado de S. Paulo

As 10 mais: o que oferecem as melhores cartas de vinho da cidade

Paladar Ranking Rótulos que casam com a comida, opções fora da caixa e preços dentro da realidade; confira os destaques de cada menu campeão

- SUZANA BARELLI

O maior desafio ao montar uma carta de vinhos é o casamento de comida e bebida. “O primeiro ponto é qual a relação entre comida e vinho. A carta deve harmonizar com a proposta gastronômi­ca do restaurant­e”, diz Felipe Campos, professor da escola de vinhos The Wine School, que participou da análise das cartas. De nada adianta um restaurant­e japonês ter disponível os melhores brunellos di Montalcino, tintos italianos complexos e com muitos taninos, e que dificilmen­te vão harmonizar com um menu à base de peixes e frutos do mar.

Ao sommelier, é preciso selecionar rótulos que valorizem o trabalho do chef, mas é também preciso deixar espaço para os clássicos. Não é fácil. Casafus Bautista, sommelier do Arturito, a casa da chef Paola Carosella, por exemplo, decidiu não colocar malbec na carta, até para instigar o consumidor que associa uma gastronomi­a argentina com tintos desta uva. Na mais recente atualizaçã­o da carta, no entanto, ele cedeu e adicionou o Traslapied­ra, um malbec bem fresco de Paraje Altamira – mas já adiantou que vai retirá-lo. “Não gostei do resultado.”

O segundo ponto importante é o preço, que afasta muitos comensais da garrafa nos restaurant­es. Paulo Brammer, sócio da escola Enocultura, lembra que a margem de preço dos vinhos dos restaurant­es é elevada não apenas no Brasil. Na Europa, não raro, o preço de cada rótulo é majorado entre 350% a 400% pelo restaurant­e. No Brasil,

a maioria das casas consultada­s para esta reportagem tem uma margem entre 120% e 250% – só que aqui, os vinhos são mais caros quando comparados com os demais países.

E parece não haver lógica na definição de uma taxa de rolha – o valor que o cliente paga ao levar a sua própria garrafa ao restaurant­e.

A política de preços, aliás, tirou pontos de algumas cartas de excelência. Elas poderiam ocupar as primeiras posições neste ranking se o critério fosse apenas a seleção de rótulos que combinem com o cardápio e que possibilit­em que a harmonizaç­ão entre comida e bebida forme um par perfeito. •

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FELIPE RAU/ESTADÃO No Varanda, a carta é ampla e didática, o que facilita a escolha

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