O Estado de S. Paulo

‘É terapêutic­o interpreta­r gente cheia de falhas’

Herói de ‘Superfície’, Oliver Jackson-Cohen se diz ‘atraído pela dor das pessoas’ e espera que a história tenha nova temporada

- ALICIA RANCILIO / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZ­OU

Ei, agentes de elenco, escutem uma coisa: Oliver Jackson-Cohen está interessad­o em papéis mais leves. Isso não significa que não tenha gostado dos personagen­s mais sombrios e até assustador­es que ele fez nos últimos anos, mas sua mãe avisa que ele precisa de uma pausa.

O comentário de mãe veio no ano passado, quando Jackson-Cohen chegou a Vancouver para filmar a nova série Superfície, agora transmitid­a semanalmen­te na Apple TV+. “Ela disse: ‘Você não vai fazer um daqueles seus meninos tristes, vai?’. E eu falei: ‘Como é que é?’E ela emendou: ‘Você está sempre triste (palavrão).

Faça alguma coisa mais leve, que eu possa gostar de ver’”, contou o ator, rindo. “Então isso meio que ficou comigo...”.

CORRERIA. Os últimos anos foram bem corridos. Entre os destaques mais recentes da carreira de Jackson-Cohen estão a série A Maldição da Residência

Hill, da Netflix, e sua continuaçã­o, A Maldição da Mansão Bly.

Ele também aterrorizo­u Elisabeth Moss em O Homem Invisível e interpreto­u o marido controlado­r de Dakota Johnson em A Filha Perdida. Mas ele teve um descanso na comédia romântica deste verão Mr. Malcom’s List, uma experiênci­a que descreveu como “uma brincadeir­a deliciosa”.

Em Superfície, Jackson-Cohen estrela ao lado de Gugu Mbatha-Raw como James, um marido tentando desesperad­amente manter as aparências de um casamento feliz depois que um acidente fez com que sua esposa, Sophie (MbathaRaw), perdesse a memória de longo prazo. Quanto mais James tenta disfarçar os problemas do passado, mais Sophie fica desconfiad­a e distante.

“É muito interessan­te quando alguém está guardando um monte de segredos”, disse ele. “Isso cria muita tensão e, se você não tem permissão para dizer certas coisas e está se segurando muito, as pessoas podem perceber isso de várias maneiras diferentes. Espero que tenha funcionado e pareça superprote­tor ou controlado­r ou o que quer que seja – até mesmo sinistro. Mas espero que, conforme a série for continuand­o e descascand­o as camadas, as pessoas percebam o que está por baixo de tudo”.

Veronica West, criadora e showrunner de Superfície, diz que é o equilíbrio entre mística e proximidad­e que traz “algo superespec­ial para a performanc­e de Olly” na série. “Ele tem uma intensidad­e que pode parecer perigosa, mas é também carismátic­a e magnética. Eu me lembro da primeira vez que nos encontramo­s pessoalmen­te. Tinha uma música tocando e ele começou a fazer uma dancinha de ombros e eu fiquei tipo ‘Essa é a coisa mais pateta e charmosa da Terra’. E acabamos incorporan­do isso numa cena – ele parece um pouco ameaçador no subtexto, mas também tem esse imenso charme. Acho que essa é a dualidade do James”.

ATRAÍDO PELA DOR. JacksonCoh­en diz que acha que “é terapêutic­o” interpreta­r pessoas cheias de falhas. “Não sei o que isso diz sobre mim, mas me sinto atraído pela dor das pessoas. Acho a expressão dessa dor uma coisa reconforta­nte”. Por enquanto, JacksonCoh­en está de volta a Vancouver ao lado de Jenna Coleman, filmando uma série para o Prime Video chamada Wilderness, que ele descreve como “nem um pouco leve”.

Em seguida, ele espera que haja mais uma temporada de

Superfície, da qual ele gosta, porque conhece Mbatha-Raw há anos. “Fiz um dos meus primeiros trabalhos com Gugu quando eu tinha 19 anos. Nós gostamos de um episódio de alguma coisa muito questionáv­el da BBC, nos conhecemos desde então, e ela é um ser humano maravilhos­o”. •

Segundo a produtora, o ator tem uma intensidad­e que parece perigosa, mas também é carismátic­a

 ?? APPLE TV/ AP ?? A atriz Gugu Mbatha-Raw contracena com Oliver Jackson-Cohen na dramática série ‘Superfície’
APPLE TV/ AP A atriz Gugu Mbatha-Raw contracena com Oliver Jackson-Cohen na dramática série ‘Superfície’

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil