Países do G-20 foram excluídos de reunião com diplomatas
O Palácio do Planalto deixou de convocar para a reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores no mês passado países estratégicos do G-20 e do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Na reunião em julho, Bolsonaro usou uma apresentação de slides para repetir a tese nunca confirmada de que houve fraude nas urnas eletrônicas em 2014 e 2018. A lista completa dos participantes da reunião, obtida pelo Estadão com base na Lei de Acesso à Informação, confirma a falta de critério: não foram chamados sete dos 19 países do G-20, o grupo das principais economias do mundo.
Também ficaram de fora dois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Dos cinco integrantes do órgão, não foram chamados China e Reino Unido – França, Estados Unidos e Rússia compareceram. Algumas das principais representações estrangeiras não foram nem sequer chamadas.
Na época, fontes diplomáticas disseram genericamente que o critério para a escolha dos países convidados foi “o bom senso”. No entanto, países relevantes e com relação próxima ao Brasil não foram convidados. À época, a apresentação de Bolsonaro não foi considerada convincente pelos embaixadores. A representação dos Estados Unidos, por exemplo, divulgou nota dizendo que as eleições no Brasil são “modelo” para os demais países.
Ao todo, representantes de 72 países participaram do evento. Das nações do G-20, que é o grupo das 19 maiores economias do mundo e União Europeia, sete não compareceram: Argentina, Austrália, China, Coreia do Sul, Japão, México e Reino Unido. Ao todo, foram 55 embaixadores e mais 14 encarregados de negócios (o diplomata responsável pela embaixada quando não há um embaixador presente).
Para o historiador Filipe Figueiredo, a lista é “difícil de decifrar” em seus critérios. “Em alguns momentos, a lista parece seguir uma clivagem ideológica. Porém, ao mesmo tempo, a Venezuela e o Peru foram convidados, sendo que provavelmente são os dois países mais à esquerda do continente”, disse Figueiredo, que é colunista de política internacional e criador do podcast Xadrez Verbal. •
Lista Para especialista, critério é ‘difícil de decifrar’, pois países liderados pela esquerda foram chamados