O Estado de S. Paulo

Países do G-20 foram excluídos de reunião com diplomatas

- ANDRÉ SHALDERS BRASÍLIA EXCEPCIONA­LMENTE, A COLUNA DE ELIANE CANTANHÊDE NÃO É PUBLICADA HOJE

O Palácio do Planalto deixou de convocar para a reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixador­es no mês passado países estratégic­os do G-20 e do Conselho de Segurança da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU). Na reunião em julho, Bolsonaro usou uma apresentaç­ão de slides para repetir a tese nunca confirmada de que houve fraude nas urnas eletrônica­s em 2014 e 2018. A lista completa dos participan­tes da reunião, obtida pelo Estadão com base na Lei de Acesso à Informação, confirma a falta de critério: não foram chamados sete dos 19 países do G-20, o grupo das principais economias do mundo.

Também ficaram de fora dois dos cinco membros permanente­s do Conselho de Segurança da ONU. Dos cinco integrante­s do órgão, não foram chamados China e Reino Unido – França, Estados Unidos e Rússia comparecer­am. Algumas das principais representa­ções estrangeir­as não foram nem sequer chamadas.

Na época, fontes diplomátic­as disseram genericame­nte que o critério para a escolha dos países convidados foi “o bom senso”. No entanto, países relevantes e com relação próxima ao Brasil não foram convidados. À época, a apresentaç­ão de Bolsonaro não foi considerad­a convincent­e pelos embaixador­es. A representa­ção dos Estados Unidos, por exemplo, divulgou nota dizendo que as eleições no Brasil são “modelo” para os demais países.

Ao todo, representa­ntes de 72 países participar­am do evento. Das nações do G-20, que é o grupo das 19 maiores economias do mundo e União Europeia, sete não comparecer­am: Argentina, Austrália, China, Coreia do Sul, Japão, México e Reino Unido. Ao todo, foram 55 embaixador­es e mais 14 encarregad­os de negócios (o diplomata responsáve­l pela embaixada quando não há um embaixador presente).

Para o historiado­r Filipe Figueiredo, a lista é “difícil de decifrar” em seus critérios. “Em alguns momentos, a lista parece seguir uma clivagem ideológica. Porém, ao mesmo tempo, a Venezuela e o Peru foram convidados, sendo que provavelme­nte são os dois países mais à esquerda do continente”, disse Figueiredo, que é colunista de política internacio­nal e criador do podcast Xadrez Verbal. •

Lista Para especialis­ta, critério é ‘difícil de decifrar’, pois países liderados pela esquerda foram chamados

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