O Estado de S. Paulo

Margem política para conquistar ilha se reduz

- CHRIS BUCKLEY, AMY CHANG CHIEN E JOHN LIU SÃO JORNALISTA­S

Acordo pacífico Táticas de choque e medo de Pequim podem aprofundar ceticismo em Taiwan

Oespetácul­o militar da China com mísseis, navios de guerra e caças cercando Taiwan foi projetado para criar um alerta contra o que Pequim vê como um desafio cada vez mais insistente às suas reivindica­ções sobre a ilha.

Mas mesmo que a exibição desencoraj­e outros políticos ocidentais a imitar a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que enfureceu Pequim ao visitar Taiwan, também reduz as esperanças de conquistar a ilha por meio de negociaçõe­s.

As táticas de choque e medo de Pequim podem aprofundar o ceticismo em Taiwan de que a ilha possa chegar a um acordo pacífico e duradouro com o Partido Comunista da China, especialme­nte sob a chefia Xi Jinping, que mostrou estar disposto a usar um porrete intimidado­r para derrotar o que ele considera uma perigosa aliança entre a oposição taiwanesa e o apoio americano.

PRESSÃO.

Diante de pressões contínuas, as moedas políticas que a China já usou para atrair Taiwan podem ter ainda menos peso. Durante eras anteriores de melhores relações, a China deu boas-vindas a investimen­tos, produtos agrícolas e artistas de Taiwan.

A ilha nunca foi governada pelo Partido Comunista, mas Pequim sustenta que é histórica e legalmente parte do território chinês. As forças nacionalis­tas chinesas que fugiram para Taiwan, em 1949, depois de perder a guerra civil também afirmaram por muito tempo que a ilha fazia parte de uma China maior.

Mas, desde que Taiwan emergiu como uma democracia, na década de 90, um número crescente de seu povo se vê como muito diferente da República

Popular da China. Esse ceticismo político em relação à China autoritári­a persistiu e se aprofundou, à medida que os laços econômicos de Taiwan com o continente se expandiram.

“A atrativida­de dos benefícios na política chinesa de Taiwan – incentivos econômicos – caiu para seu ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria”, disse Wu Jieh-min, cientista político da Academia Sinica. O apoio às propostas de Pequim caiu ainda mais depois de 2020, quando a China impôs uma repressão a Hong Kong, corroendo as liberdades prometidas à ex-colônia britânica. •

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