Cobertura vacinal está em 55,81%, o que já preocupa os especialistas
Para a Sociedade Brasileira de Imunização, “as falhas na logística e de importação, pelo MS, têm comprometido o fornecimento e contribuído para sucessivas quedas na cobertura vacinal da BCG”. Segundo dados atualizados pelo ministério até o dia 6, o índice está em 55,81% neste ano. O ideal, afirma a vice-presidente da entidade, Isabella Ballalai, seria de pelo menos 90%.
Ela afirma que os municípios foram aconselhados a otimizar o uso da vacina. Um frasco tem 20 doses e precisa ser totalmente consumido até seis horas após aberto. Para não perder nenhuma dose, as prefeituras passaram a concentrar a aplicação da BGC em determinados dias e horários da semana em um número menor de postos de saúde.
Em condições normais, o procedimento de rotina é a criança já sair da maternidade vacinada. Desde que se passou a otimizar o uso do frasco no País, isso nem sempre vem ocorrendo. “Muitos bebês estão deixando o hospital sem serem vacinados, e a mãe precisa ir ao posto, no primeiro mês de vida. Às vezes, ela chega lá e não é o dia da vacinação. Isso leva ao que chamamos de oportunidade perdida e diminui a adesão, porque muitas não vão voltar”, diz Isabella Ballalai.
No centro de saúde Conjunto Santa Maria, em Belo Horizonte, a vacina BCG não chega há meses. Uma agente de saúde local conta que as mães que vão ao postos são orientadas a procurar o único centro de saúde da região centro-sul da capital mineira que atualmente fornece as doses, no bairro Santa Lúcia. Algumas acabam desanimando e adiando a vacinação.
PRAZO. O ideal é que a BCG seja ministrada até os 28 dias de nascimento, mas ainda pode ser aplicada até os 4 anos, 11 meses e 29 dias de vida. A janela de tempo, no entanto, é grande demais para os riscos de contágio. Além de proteger contra a tuberculose, o imunizante reforça o sistema imunológico da criança contra outras doenças. “Para uma vacina que deveria ser fornecida na maternidade, que não sofre nenhum ataque de movimentos antivacina, como ocorre com a do HPV e a da covid, não é uma situação normal. Isso leva à hesitação vacinal”, avalia a vicepresidente
Importância Além de proteger contra a tuberculose, reforça sistema imunológico contra outras doenças
da SBIM. “Tem outros fatores que fazem a cobertura vacinal cair: as oportunidades perdidas, a dificuldade de acesso e a não percepção de risco. Então a vacinação sai da minha lista de prioridades.” •