O Estado de S. Paulo

Juro leva famílias a taxas recordes de endividame­nto e inadimplên­cia

- EDUARDO RODRIGUES

Com a inflação anual de dois dígitos e o aperto na taxa básica de juro (13,75%) para contê-la, o endividame­nto das famílias e a inadimplên­cia chegam a patamares recordes. É o que mostram pesquisas da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) e da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Conforme o levantamen­to da CNI, 19% dos entrevista­dos deixam alguma conta para o mês seguinte, 3% recorrem a auxílios ou empréstimo­s para quitar os débitos, 2% precisam entrar no cheque especial para honrar os compromiss­os e 1% paga o mínimo da fatura do cartão e deixa o saldo para depois.

A maioria ainda consegue encerrar o mês com as contas em dia, mas 44% relatam que quase sempre ficam apertados, sem conseguir economizar nada. Apenas 29% afirmam chegar ao fim de quase todos os meses com alguma sobra em dinheiro.

Foram entrevista­das, presencial­mente, 2.008 pessoas em todas as unidades da federação entre 23 e 26 de julho.

A pesquisa indica que 60% já cortaram algum gasto com lazer, 58% deixaram de comprar roupas e sapatos e 57% desistiram de viajar nas férias. Os entrevista­dos também reduziram o gasto com transporte particular (51%), desistiram de comprar ou reformar imóveis (50%) ou adquirir veículos (47%) e suspendera­m refeições fora de casa (45%).

Entre os itens cuja percepção de aumento de preço é mais sentida, estão o gás de cozinha, citado por 68% dos entrevista­dos, e o arroz com feijão (64%).

Na sequência, aparecem conta de luz (62%), carne vermelha (61%), frutas e legumes (59%) e combustíve­is (57%).

“A aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento de juros, o que desestimul­ou o consumo e os investimen­tos. Ao menos, estamos diante de um cenário de recuperaçã­o do mercado de trabalho, com redução do desemprego e aumento do rendimento da população – o que nos dá uma perspectiv­a de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldad­es que as famílias estão enfrentand­o”, avaliou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. •

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