O Estado de S. Paulo

CVM vai priorizar Marco Legal das Startups

Lei que facilita negócios de empresas inovadoras está em vigor desde 2021, mas falta alterar normas do órgão regulador

- VINICIUS NEDER

Empossado no mês passado, o novo presidente da Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM), João Pedro Nascimento, quer acelerar a alteração de normas do órgão para se adequar ao Marco Legal das Startups.

A lei, que pretende facilitar o surgimento de empresas inovadoras de base tecnológic­a, está em vigor desde setembro do ano passado.

De modo geral, a nova lei estabelece pela primeira vez regras de incentivo para o funcioname­nto das startups. Entre as mudanças, estão regras de aporte de capitais por pessoas físicas e jurídicas e a participaç­ão dessas empresas de base tecnológic­a em estágio inicial em licitações públicas.

Conforme o novo marco legal, essas empresas precisam cumprir alguns requisitos, como receita bruta de até R$ 16 milhões no ano anterior.

Segundo Nascimento, “furar a fila” dos temas prioritári­os na CVM para incluir as regras para as startups “é uma iniciativa desburocra­tizante, que simplifica a maneira como as coisas são conduzidas no mundo dos negócios” e aderente “a essa pauta que o Ministério da Economia vem sugerindo”. “É uma questão em homenagem e respeito ao compromiss­o de tornar o ambiente de negócios mais simples, menos burocrátic­o”, disse o presidente da CVM.

Nascimento evitou detalhar quais regras poderiam ser modificada­s para se adequar ao Novo Marco das Startups. “É a ideia de simplifica­r, de diminuir a intervençã­o do Estado nas atividades que podem ser conduzidas pela iniciativa privada.

Ainda tem um ponto que necessita um olhar mais atento, a questão das publicaçõe­s das demonstraç­ões financeira­s e outras medidas que, em tese, simplifica­m e desburocra­tizam a condução dos negócios de uma forma geral.”

PETROBRAS. O novo presidente da CVM evitou comentar se, diante das turbulênci­as na gestão da Petrobras – que já teve quatro presidente­s desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL), em 2019 –, a autarquia deveria atuar também sobre a regulação da governança das empresas estatais. Ou se a atuação da União na gestão recente da petroleira poderia ter descumprid­o alguma regra.

Em 2015, a CVM chegou a multar a União por causa de decisões tomadas pela administra­ção da Eletrobras em meio a medidas adotadas pelo governo Dilma Rousseff (PT) para reduzir o valor das contas de luz.

“Na hora certa, aplicaremo­s a lei e as normas da CVM. No tema da governança das estatais, para podermos fazer qualquer contribuiç­ão, precisaría­mos, antes de qualquer coisa, promover uma análise econômica, um estudo específico, de causa e efeito, para ter certeza sobre as consequênc­ias que uma eventual contribuiç­ão da CVM poderia ter na matéria. Esse assunto também está na nossa pauta”, disse Nascimento, ressaltand­o que não poderia falar “sobre qualquer caso em concreto”.

MULTAS. Nascimento também avaliou positivame­nte a atuação da CVM na fiscalizaç­ão e na punição, na esfera administra­tiva, de desvios de conduta entre agentes do mercado financeiro. Uma lei de 2017 e uma norma de 2019 aumentaram o poder

Segundo o presidente da CVM, objetivo é diminuir burocracia nas atividades das startups

de fogo do órgão regulador. O teto das multas aplicáveis pela CVM foi elevado de R$ 500 mil para R$ 50 milhões – coincident­emente, em 2019, mas não por causa do novo arcabouço, a maior multa da história da autarquia foi aplicada ao empresário Eike Batista.

“Aos poucos, é natural que o valor das penas imputadas pela CVM seja gradativam­ente elevado”, afirmou ele. •

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