O Estado de S. Paulo

Mendonça trava inquéritos que incomodam Bolsonaro

Indicado para a Corte pelo presidente, ministro pediu vista nas investigaç­ões; não há prazo para retorno de julgamento­s

- PEPITA ORTEGA, LUIZ VASSALO, RAYSSA MOTTA E FAUSTO MACEDO

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o julgamento de uma série de recursos apresentad­os nos inquéritos que atingem o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Os casos são relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, magistrado que é alvo de ataques do chefe do Executivo e de sua base aliada e toma posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima terça-feira.

Indicado por Bolsonaro à Corte, Mendonça pediu vista – mais tempo para análise – dos processos que foram remetidos ao plenário virtual do Supremo – ferramenta que permite que os integrante­s do Tribunal depositem seus votos à distância. A sessão de julgamento­s teve início na madrugada de ontem e tinha previsão de terminar no dia 19.

Dos 20 recursos que seriam analisados pelo STF – e agora não tem data para voltar à discussão – nove questionav­am decisões no inquérito das fake news e oito foram apresentad­os no que investigou “ilícita incitação da população, por meio das redes sociais, a praticar atos criminosos, violentos e atentatóri­os ao estado democrátic­o de direito” durante o 7 de Setembro de 2021.

Segundo lista divulgada pelo Supremo, os recursos envolvem questionam­entos de plataforma­s – Twitter e Facebook – contra decisões de bloqueios de perfis, como no caso do deputado Daniel Silveira (PTBRJ), e impugnaçõe­s feitas por aliados de Bolsonaro que são alvos da apuração. A deputada Bia Kicis (PL-DF), por exemplo, questionou decisão que negou pedido de levantamen­to de sigilo dos autos.

Os temas que seriam discutidos nos autos da investigaç­ão sobre os atos de 7 de Setembro de 2021 estão ligados majoritari­amente a recursos de redes sociais – Twitter, Facebook e Google – contra bloqueio de perfis. Há ainda um questionam­ento do deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) contra decisão que manteve medida de suspensão das redes sociais e de restituiçã­o dos bens apreendido­s.

Também constavam na pauta de discussões dos ministros um recurso apresentad­o no inquérito que apurou suposta violação de sigilo do presidente com a divulgação de apuração da Polícia Federal e outro na investigaç­ão sobre as declaraçõe­s de Bolsonaro sobre a pandemia da covid-19, como a que ele ligou a vacina contra a doença à aids.

Mendonça só não pediu vista ao processo no qual um terceiro pede para figurar como ‘amigo da Corte’ no inquérito que apura declaraçõe­s de Bolsonaro sobre a pandemia. O pedido foi negado por Moraes.

TRIBUNAL.

Bolsonaro formalizou, anteontem, as indicações dos 17 desembarga­dores que vão atuar no recém-criado Tribunal Regional Federal da 6.ª Região (TRF-6), prestes a entrar em operação em Minas Gerais. O tribunal será composto por 15 homens e três mulheres. A cerimônia de instalação está marcada para dia 19.

Os escolhidos pelo critério da antiguidad­e foram Vallisney de Souza Oliveira, Ricardo Machado Rabelo, Lincoln Rodrigues de Faria, Marcelo Dolzany da Costa, Rubens Rollo D’oliveira, Evandro Reimão dos Reis e Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho. Por mereciment­o foram indicados Klaus Kuschel, André Prado de Vasconcelo­s, Simone dos Santos Lemos Fernandes, Luciana Pinheiro Costa, Pedro Felipe de Oliveira Santos e Miguel Angelo de Alvarenga Lopes.

Na classe dos juristas, entraram Flávio Boson Gambogi e Grégore Moreira de Moura. Álvaro Ribeiro de Souza Cruz e Edilson Vitorelli Diniz Lima foram selecionad­os por indicação do Ministério Público. A desembarga­dora Mônica Sifuentes pediu remoção do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região e completa a composição. •

Cronograma Sessão de julgamento­s teve início na madrugada de ontem e tinha previsão de terminar no dia 19

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WILTON JUNIOR/ ESTADÃO - 7/6/2022 Bolsonaro indicou Mendonça para ser ministro do Suprema Corte
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ROSINEI COUTINHO/STF - 2/6/2022

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