O Estado de S. Paulo

Defesa tenta convencer Moraes a mudar teste de urna feito no dia da eleição

Militares defendem alterar procedimen­to realizado desde 2002 pela Justiça Eleitoral que certifica contagem correta de votos

- FELIPE FRAZÃO

Militares que participam da fiscalizaç­ão do sistema eletrônico de votação veem como insuficien­tes até agora as mudanças adotas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ampliar a transparên­cia e a confiança nas eleições.

O Ministério da Defesa não conseguiu emplacar uma forma de teste que os militares consideram fundamenta­l para assegurar a segurança e o funcioname­nto correto das urnas. Esse é o principal ponto que as Forças Armadas querem tentar convencer o próximo presidente da Corte, Alexandre de Moraes, a adotar.

O foco dos militares é o teste de integridad­e. Ele consiste numa votação simulada, realizada desde 2002 pela Justiça Eleitoral, como forma de certificar que as urnas contam corretamen­te os votos digitados. Nunca houve divergênci­as, mas os militares propuseram mudanças no processo.

No modelo atual, a testagem ocorre no dia da votação nos Tribunais Regionais Eleitorais (TRES) para onde urnas sorteadas na véspera do pleito são levadas. Lá, em ambiente de “laboratóri­o”, servidores digitam os votos registrado­s antes em cédulas de papel. Ao fim, a contagem da urna é comparada com a das cédulas. Tudo é filmado e transmitid­o ao vivo na internet. Fiscais podem acompanhar o procedimen­to e não há envolvimen­to direto de eleitores.

CONDIÇÕES REAIS.

Os militares acham que a votação paralela do teste deve ocorrer em condições reais. Por isso, propuseram que o teste de integridad­e seja realizado na própria seção eleitoral. Bastaria instalar uma segunda urna apenas para os testes. E, além disso, os eleitores deveriam ser convidados a participar, o que garantiria, na visão deles, o ritmo real de votação. Depois de votarem na cabine oficial, eles seriam chamados a destravar a urna-teste com a própria biometria e, em seguida, dispensado­s. A partir daí, servidores da Justiça procederia­m à votação paralela como fazem hoje.

Técnicos do TSE, no entanto, contestam a proposta da Defesa. Para eles, os moldes do teste de integridad­e, como pensado pelos militares, pode gerar “confusão”. Programado­res da Corte ponderam que o ambiente da seção eleitoral é mais tumultuado, sujeito a interferên­cias, para receber um exame tão preciso.

Como mostrou o Estadão, ministros do Planalto entraram em cena para restabelec­er pontes com Moraes e convencê-lo a ouvir os militares. Seria uma forma de baixar a temperatur­a antes de atos contra ministros convocados por Bolsonaro no 7 de Setembro.

Moraes levou pessoalmen­te ao presidente o convite de sua posse no TSE, marcada para 16 de agosto. No encontro, eles conversara­m por cerca de uma hora. Interlocut­ores de Bolsonaro reforçaram a versão de que Moraes tende a aceitar um acordo. •

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NELSON JR./STF - 4/8/2022 Moraes levou a Bolsonaro convite para sua posse no TSE

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