INVESTIMENTOS ENVOLVEM RISCO TOTAL
Quantia aportada em cripto não deve gerar sobressaltos
Onúmero de ativos disponíveis hoje no mercado financeiro na área das criptomoedas está estimado em 20 mil. Como risco e retorno, neste caso, apresentam sinais sinérgicos – eles aumentam na mesma proporção –, a decisão de colocar o ativo na carteira de investimento deve vir junto com um critério fácil de entender. Como se trata de risco total, porque o alto retorno vem acompanhado dos mais variados entraves, como questões operacionais, fraudes e falta de regulação, a quantia colocada no investimento não deve tirar o sono de ninguém.
“Antes de investir em criptoativos, deve-se entender que são ativos voláteis, com muito risco, mas com alto grau de retorno. Recomenda-se investir aquele patrimônio que não vai causar preocupação caso fique desvalorizado por muito tempo. São ativos com base em tecnologia e não na economia tradicional”, analisa Hugo Trombini, head de criptomoedas da Hurst Capital.
Bernardo Schucman, vice-presidente sênior da divisão de moedas digitais da CleanSpark, foca um outro ponto de vista relevante. Como se trata de um ativo muito novo, o mercado ainda está dando preço a ele. Isso resulta em alta volatilidade. “A estratégia ideal é alocar em torno de 5% do seu portfólio”, aconselha Schucman.
VIÉS DE ALTA
Entender em que momento o mercado está quando se pretende entrar no mundo das criptomoedas também é importante, segundo Raquel Vieira, especialista em criptomoedas da Top Gain. “Às vezes o investidor entra em um momento de euforia em que os ativos estão muito caros, mas não tem conhecimento necessário e acaba perdendo até 70% ou 80% das suas carteiras. A dica é estudar muito antes para poder escolher bons ativos”, ensina Raquel.
Além disso, especialistas consideram fundamental avaliar de forma cautelosa a criptomoeda em que se pretende investir. É preciso entender o projeto em si e a tecnologia atrelada a ele. Qual é o time envolvido com aquele ativo em especial? Qual a participação que ele tem no mercado e com quais parceiros? Existe um plano? Ele está sendo entregue dentro dos prazos assumidos? Após todas essas perguntas estarem respondidas, avaliam os especialistas, é que o investidor terá conhecimento suficiente para decidir, ou não, por aquele projeto.
“O passo inicial é estudar mesmo se aquele criptoativo escolhido é útil e tem uma tese sólida. Por exemplo, no mercado de ações, caso o investidor não acredite no modelo de negócios de uma determinada empresa, muito provavelmente não vai assumir uma posição naquele papel. O mesmo raciocínio deve servir para cripto”, pondera Pedro de Luca, head de criptomoedas da Levante Investimentos.
Feita a lição de casa, é hora de escolher onde e como alocar os seus recursos. “Tem diversas maneiras de adquirir criptomoedas, além das exchanges, a diferença se dá no que você está buscando, exposição ao preço ou aquisição do ativo, pois isso muda drasticamente o custo e a segurança da operação”, explica João Canhada, CEO da Foxbit.
Uma das possibilidades é seguir pelo caminho original (P2P), comprando de alguém que queira vender. Esse é o modelo mais arriscado, conforme explica Canhada. “Precisa checar referências online em diversos sites que avaliam as pessoas que fazem esse tipo de transação para fugir dos golpes. Pode-se negociar usando até mesmo o WhatsApp”, afirma Canhada.
Alguns bancos oferecem a opção de investimentos em criptos no próprio aplicativo da instituição financeira. Há ainda os ETFs na B3. “Mas se quiser se dedicar um pouco mais, uma opção é investir de forma direta por meio de uma conta em corretoras de cripto. Nesse caso, pagam-se apenas os valores das corretagens das operações”, sugere Raquel.