Empatia e inclusão em escola da periferia pobre de Manaus
Mesmo numa escola longe da mata, na pobre periferia de Manaus, a Amazônia está presente. Alunos da Escola Municipal Waldir Garcia saem com frequência para estudar os igarapés cheios de lixo do bairro. “Estão vendo essa sujeira, isso vai desaguar lá no Rio Negro”, diz para as crianças do 3º ano a professora Alcineide Rocha Carvalho. Elas olham garrafas pet, papéis, no meio de casas quase alagadas, e reclamam da sujeira, muitas vezes feita pelas suas próprias famílias.
A escola tem um projeto em tempo integral premiado e um Ideb 7,5, bem acima da média da cidade, do Amazonas e até de São Paulo. Valoriza a diversidade do ambiente, mas também a da comunidade. Acolhe muitas crianças com deficiência e imigrantes do Haiti, Venezuela e República Dominicana mesmo sem nenhuma documentação brasileira. “Primeiro colocamos a criança na escola, depois, vem a burocracia”, costuma dizer a diretora Lúcia Cristina Santos. “Se não, perdemos os alunos para os faróis de trânsito ou para o tráfico.”
A haitiana Rebeca Palmyr, de 7 anos, diz que era punida na escola em seu país e que, agora, aprende sobre empatia. “A gente se coloca no lugar do outro. Quando o outro cai e a gente não ri dele, ajuda”, explica. Na sala de Rebeca, a professora ensinava adição com uma “floresta de numerais”, um desenho com as contas dispostas entre árvores. E na sala ao lado, uma rede pendurada na parede, utensílio comum nas casas da região, era usada para momentos de leitura. “A gente cuida do nosso planeta, da Floresta Amazônica e da nossa escola.” A diretora Lúcia afirma que teve de aprender a fazer uma educação menos tradicional para oferecer um ensino acolhedor e significativo, com o que nem ela estava acostumada.