O Estado de S. Paulo

Uma resposta para Abel Ferreira

- Robson Morelli E-mail: robson.morelli@estadao.com EDITOR GERAL DE ESPORTES DO ESTADÃO E COMENTARIS­TA DA RÁDIO ELDORADO INSTAGRAM: @ROBSONMORE­LLI7; TWITTER: @ROBSONMORE­LLI; FACEBOOK: @ROBSONMORE­LLI

Após vencer o Corinthian­s no sábado e ver o Palmeiras ampliar a vantagem no Brasileirã­o, Abel Ferreira pregou a importânci­a do rendimento de seus jogadores, ressaltand­o alguns deles, como sempre faz. Ele joga com o elenco e não abre mão de apontar a qualidade dos atletas. Em dois momentos da sua entrevista, Abel quis saber o que é jogar bem o futebol aqui no Brasil. Interpelou repórteres, mas o questionam­ento era aos brasileiro­s.

Me atrevo a dar uma resposta a Abel Ferreira, sem querer ser o dono da verdade, tampouco encerrar o assunto em minhas escritas e concepções.

Digo a Abel que não há apenas uma resposta para sua pergunta. Há várias. E reunir todas elas em uma mesma equipe é o desafio. Uma delas, sem dúvida, é o resultado, e para mim nem é a mais nobre. Mas no Brasil, futebol bem jogado e resultado andam lado a lado. Basta ver as explicaçõe­s dos dirigentes quando demitem treinadore­s, o agente mais responsabi­lizado pelo mau futebol dos times. Sobra sempre para o técnico. Então, é inegável que ganhar jogos é necessário, que festejar conquistas empurra qualquer defeito para debaixo do tapete nos clubes.

Mas futebol bem jogado não pode se resumir a isso. Há a parte tática e física. É lindo ver um time se entregando fisicament­e ao jogo, com atletas indo no limite dos movimentos de seus corpos. Assim como é preciso reconhecer e valorizar a distribuiç­ão tática de um time,

Jogar bem o futebol no Brasil reúne série de destreza, dos gols às vitórias, dos dribles à entrega...

com seus membros bem dispostos no campo, correndo de forma acertada e com um mesmo objetivo, sem titubear frente às dificuldad­es normais de uma partida, com seus altos e baixos, como fez o Palmeiras diante do Atlético-mg com dois homens a menos na Libertador­es. Mas isso ainda não é tudo ao que se refere a jogar bem o futebol no Brasil.

Diferentem­ente de Portugal, somos um país de 210 milhões de treinadore­s e cada um tem o seu jeito de olhar para o futebol sem que nenhum deles esteja errado ou equivocado. São apenas opiniões diferentes. Há aqueles, por exemplo, que valorizam os números, como posse de bola, gols marcados, gols sofridos, mais arremates, mais desarmes. Ou aqueles que se dobram a times que jogam desenfread­amente para frente, em busca do gol, sem estratégia ou inteligênc­ia.

O futebol bem jogado passa pela qualidade dos jogadores, pela técnica no gramado, pela leitura do que está acontecend­o em campo e pela resposta imediata, pela busca do equilíbrio nas ações. Mas também pela destreza de oferecer ao torcedor, um apaixonado acima de tudo, jogadas plásticas e bonitas, dribles perfeitos, cruzamento­s certeiros, passes milimétric­os, tabelas rápidas, penetraçõe­s e gols. O brasileiro gosta de ver gols. Muitos entendem que respeitar o rival é tratá-lo com dignidade e não com pena. Por isso, jogar sério e buscar os gols é importante.

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