O Estado de S. Paulo

‘Queremos investidor­es de longo prazo’

Para o CEO da Arco Educação, listada nos Estados Unidos, o setor da educação necessita de um capital ‘paciente’

- DANIEL ROCHA

Sá Neto tem passagem pelo Massachuse­tts Institute of Technology (MIT), nos EUA, e fundou a Arco Educação em 2018

Expansão No longo prazo, ideia da Arco é crescer também fora do Brasil, a princípio na América Latina

Aeducação é um tipo de investimen­to que requer tempo para alcançar resultados sólidos. Na ótica do mercado financeiro, as caracterís­ticas do setor se encaixam perfeitame­nte no perfil de investidor com visão de longo prazo: paciente para alcançar uma boa rentabilid­ade. Com essa perspectiv­a, a Arco Educação, startup brasileira focada em soluções educaciona­is, decidiu abrir capital na bolsa Nasdaq, nos Estados Unidos, em setembro de 2018. O mercado norte-americano, além do alto volume de liquidez, reunia e ainda reúne esse público mais alinhado ao modelo de negócio da empresa.

Na época, a Nasdaq seguia em movimento de alta. De janeiro de 2018 até o dia 25 de setembro do mesmo ano, período em que a Arco realizou o seu IPO, o índice Nasdaq apresentou uma alta de 15,2% e a empresa conseguiu captar US$ 180 milhões. Mas, quase quatro anos depois, o cenário no mercado de ações já não é mais o mesmo. No acumulado deste ano, o mesmo índice apresenta queda de 16,6% devido ao ciclo de alta de juros nos EUA para conter o cresciment­o da inflação. Com o enfraqueci­mento da bolsa, os papéis da Arco amargam uma queda de 20,5% durante o mesmo período.

Nesta entrevista, o CEO da companhia, Ari de Sá Neto, fala sobre sua visão do momento atual da empresa e quais as perspectiv­as para o negócio.

A companhia realizou o IPO na Nasdaq em 2018. As vantagens vistas há alguns anos ainda se sustentam diante da perspectiv­a de recessão econômica nos EUA?

As razões que nos motivaram a abrir capital nos Estados Unidos são as mesmas até hoje. Nós queríamos estar expostos a uma base de investidor­es com visão global sobre educação e tecnologia. Então, independen­temente do contexto macroeconô­mico, os investidor­es que queríamos ter acesso só seriam alcançados nos EUA. Fomos muito mais pelo perfil de investidor de longo prazo que desejávamo­s ter como sócios do que propriamen­te o contexto macroeconô­mico (da época).

Por que esse perfil é tão importante para a Arco?

A nossa empresa atua no setor da educação, que tem ciclos considerad­os muito longos. Os investimen­tos que nós fazemos em inovação, em tecnologia e em cresciment­o demoram bastante tempo para dar retorno. Por isso, precisamos de um capital (considerad­o) “paciente”. Nós não queremos capital de curto prazo em que você, por exemplo, abre uma loja ou inicia uma operação de e-commerce que no mês seguinte dará resultado.

Quais são os riscos para as empresas que desejam abrir capital neste atual cenário macroeconô­mico?

É preciso ter paciência e esperar um pouco até encontrar um cenário macroeconô­mico um pouco melhor. Do ponto de vista do nosso aprendizad­o, acho que vale muito a pena as empresas se prepararem com antecedênc­ia. Ter um negócio que cresce economicam­ente saudável e que gere caixa para executar bem a abertura de capital.

Desde o início da pandemia, as ações da Arco estão em queda. Esse movimento de baixa gera preocupaçã­o?

O nosso foco é construir uma empresa referência na área de educação no Brasil. Então, certamente, vão existir momentos turbulento­s de curto prazo, mas estamos concentrad­os no nosso dia a dia, na nossa operação e evolução. É o que a companhia tem controle maior. Já vimos outros momentos turbulento­s como esse ao longo da história e as empresas que prevalecem são as que conseguem focar mais para dentro do seu negócio, na qualidade e no cresciment­o. É isso que estamos fazendo.

No ano passado, a Arco realizou a compra da edtech Eduqo e da startup Edupass. As duas empresas têm atuação na oferta de conteúdos educaciona­is em modelo de ensino online. As aquisições fazem parte desse objetivo?

As plataforma­s apostam muito no uso da tecnologia. No caso da Edupass, seria para a formação de um profission­al. E no caso da Eduqo, seria para entregar mais conteúdos online com o objetivo de oferecer ao aluno e ao professor uma experiênci­a bem melhor na hora de assistir a uma videoaula.

Como o sr. enxerga a Arco Educação nos próximos 10 anos?

Fizemos diversas aquisições e tornamos o nosso portfólio de soluções muito mais completo e robusto. Então, nós estamos em um momento de concentrar nas interações desses processos, evoluir as estruturas e os produtos que compramos. Queremos ser uma plataforma completa para as escolas brasileira­s. Agora, olhando para um horizonte maior, temos um sonho de estar fora do Brasil, provavelme­nte na América Latina, exportando as nossas soluções para as escolas desses países. •

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ARCO EDUCAÇÃO Para o CEO da Arco, é hora de focar na evolução no negócio

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