O Estado de S. Paulo

Promotores divergem sobre apuração de falências milionária­s

- LUIZ VASSALLO

Dois promotores do Ministério Público de São Paulo apresentar­am pareceres divergente­s a respeito de uma possível abertura de investigaç­ão sobre uma relação suspeita do procurador de Justiça Eronides Santos com os sócios da consultori­a Offshore Assets Research (OAR), que atuava em processos sob sua responsabi­lidade na Vara de Falências de São Paulo. A empresa teve a outorga de Santos para atuar em grandes processos de insolvênci­a.

Em uma das ações nas quais a consultori­a atuou, uma parte acusou, nos autos, o procurador de ter relação pessoal com os sócios da empresa. O MP chegou a dar parecer favorável a uma investigaç­ão e pediu duas vezes à Justiça para que o caso fosse enviado ao Tribunal de Justiça (TJ-SP) e à Procurador­ia-geral de Justiça (PGJSP), órgãos responsáve­is por inquéritos criminais sobre procurador­es. Com a troca de promotor do caso, o MP recuou.

O dono da OAR, Rodrigo Kaysserlia­n, é sócio do escritório de advocacia que defendeu o procurador em uma demanda judicial. Com um parecer favorável de Eronides, a OAR passou a prestar consultori­a de recuperaçã­o de ativos no exterior nas massas falidas do Banco Santos e das Fazendas Reunidas Boi Gordo – cujas dívidas somadas chegaram a R$ 8,5 bilhões. Eronides deixou de atuar em falências.

Vaivém

MP-SP deu parecer favorável para investigar procurador paulista, mas recuou

O procurador afirmou que, à época em que a OAR foi avalizada no processo da Boi Gordo, “constatou-se que a empresa existia formalment­e e seus profission­ais possuíam experiênci­a em rastreamen­to de ativos no exterior”. Kaysserlia­n afirma que entrou na OAR em 2008. “Nenhuma relação com o contrato firmado nos autos da falência da Boi Gordo”, disse. •

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