O Estado de S. Paulo

Ataques da Rússia deixam metade da Ucrânia sem luz e aqueciment­o

Kiev acusa Moscou de fazer um dos maiores bombardeio­s à capital desde o início da guerra, que se aproxima dos 300 dias; outras partes do país também foram atingidas

- WP, NYT e AP

Perto de completar 300 dias de sua invasão à Ucrânia, na terçafeira, a Rússia realizou ontem um dos maiores bombardeio­s contra o território ucraniano desde o começo do conflito, em um ataque que cortou metade da energia no país. Autoridade­s militares afirmam que Moscou disparou uma rajada de 76 mísseis contra alvos em diferentes partes do território, matando pelo menos duas pessoas e ferindo oito.

A Força Aérea da Ucrânia afirmou que os disparos foram feitos de posições em terra e de navios russos no Mar Negro, e 60 deles foram intercepta­dos por unidades antiaéreas e de defesa aérea. Dos mísseis que não foram intercepta­dos, um atingiu um prédio residencia­l em Krivi Rih, matando duas pessoas, e outro destruiu um depósito de armas ucranianas, segundo militares russos.

Em um comunicado, a Ukrenergo, empresa nacional de eletricida­de, informou que 50% das necessidad­es de consumo de eletricida­de não puderam ser atendidas após os ataques.

REPAROS. O vice-chefe de gabinete do presidente Volodmir Zelenski, Kirilo Timoshenko, disse que cortes de energia de emergência começaram a ser feitos em todo o país enquanto as equipes lutavam para reparar os danos à infraestru­tura. Os cortes também foram confirmado­s

“A capital (Kiev) resistiu a um dos maiores ataques com mísseis desde o início da invasão russa” Vitali Klitschko

Prefeito de Kiev

pelo ministro da Energia, German Galushenko.

A ofensiva russa ocorre em meio ao anúncio de EUA e União Europeia de novas medidas para apoiar a Ucrânia. O Pentágono confirmou na quinta-feira que começará a treinar grandes formações de soldados ucranianos a partir de janeiro, enquanto a UE aprovou ¤ 18 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões) em financiame­nto para a Ucrânia no próximo ano.

ABRIGOS. Quando as sirenes de alerta de ataque aéreo soaram mais uma vez na capital, o transporte foi interrompi­do e as estações de metrô foram transforma­das em abrigos antiaéreos para moradores que buscavam segurança contra os mísseis. As autoridade­s instruíram os residentes a reunir suprimento­s de água em antecipaçã­o a mais interrupçõ­es na infraestru­tura básica.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, relatou explosões em três distritos da cidade, enquanto o governador regional de Sumy descreveu uma queda temporária de energia. Uma autoridade local relatou três ataques à infraestru­tura crítica em Kharkiv, que deixaram a capital regional sem eletricida­de.

Dez mísseis também foram disparados na região nordeste de Kharkiv. Os ataques deixaram toda a área sem energia e mais de 1 milhão de pessoas ficaram sem eletricida­de, segundo o governo local. O prefeito de Kharkiv também descreveu a “destruição colossal” da infraestru­tura e disse que os quase 2 milhões de habitantes da cidade ficaram sem eletricida­de, aqueciment­o ou abastecime­nto de água. ‘ALVOS MILITARES’. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter destruído um depósito de mísseis e artilharia em Kharkiv, em um indício de que os alvos na cidade eram instalaçõe­s militares. Mísseis e artilharia russos também atingiram postos de comando ucranianos nas regiões sul de Kherson e Zaporizhzi­a, segundo as autoridade­s russas.

O ministério russo também alegou que suas forças derrubaram quatro drones ucranianos em Kharkiv e na região de Donetsk, e atingiram depósitos com munição para Himars – os sistemas de artilharia fornecidos pelos EUA.

Os ataques russos aos sistemas de eletricida­de e água ucraniano ocorrem de forma intermiten­te desde meados de outubro, aumentando o sofrimento da população com a aproximaçã­o do inverno, que começa no dia 22 no Hemisfério Norte. Analistas acreditam que a Rússia pretende usar o inverno como arma de guerra.

Os ataques de ontem ocorreram após os EUA aparenteme­nte concordare­m em ceder uma bateria de mísseis Patriot à Ucrânia para reforçar a defesa do país. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou na quinta-feira que o sistema sofisticad­o seria um alvo legítimo para os militares russos. •

 ?? SERGEY DOLZHENKO/EFE ?? Residentes caminham pelas ruas escuras de Kiev, sob a neve que já começa a cair na Ucrânia
SERGEY DOLZHENKO/EFE Residentes caminham pelas ruas escuras de Kiev, sob a neve que já começa a cair na Ucrânia

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