O Estado de S. Paulo

O fim do aquário gigante de Berlim

Estrutura cilíndrica, que ficava em um hotel e abrigava 80 espécies de peixes, era uma das atrações da capital alemã

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Um hotel às escuras, sem eletricida­de, com 350 hóspedes sendo retirados por equipes de resgate em Berlim. Do lado de fora, mesas, cadeiras, objetos decorativo­s e máquinas de café espalhadas pela Avenida Karl-liebknecht, uma das mais movimentad­as da capital alemã. Não fosse pelas centenas de peixes espalhados em meio a esses escombros, a cena poderia ser atribuída a mais um ataque terrorista no coração da Europa. Mas foi resultado do tsunami causado por 1 milhão de litros de água do maior aquário cilíndrico do mundo, que se rompeu na madrugada de ontem.

ATRAÇÃO. O Aquadom era uma das três principais atrações turísticas de Berlim, ao lado da catedral da cidade e da ilha de museus. O tanque de 16 metros de altura e 11,5 metros de diâmetro, com um elevador panorâmico no centro, costumava receber excursões escolares, além de turistas – muitas famílias com crianças. Assim, a tragédia poderia ter sido muito pior se não tivesse ocorrido durante a madrugada.

O aquário ficava dentro do Hotel Radisson – onde também havia cafés e uma loja de chocolates –, havia sido inaugurado em 2003, a um custo de aproximada­mente 13 milhões (R$ 73 milhões), e abrigava 1.500 peixes marinhos de 80 espécies diferentes. O ingresso para conhecer o local, em uma visita de uma a duas horas, custava R$ 110.

Segundo os bombeiros que atuaram na emergência, poucos peixes podem ter sobrevivid­o no fundo do tanque e os zoológicos da região já disseram que podem recebê-los se eles continuare­m vivos, dada a falta de energia e de condições para mantê-los ali.

Entre as 80 espécies de peixes que viviam no aquário gigante, estavam o peixe-azul e o peixe-palhaço, conhecidos por causa do popular filme de animação Procurando Nemo.

Sandra Weeser, uma legislador­a alemã que estava hospedada no hotel, disse que foi acordada por um grande estrondo e pensou que poderia ter havido um terremoto. “Há cacos (de vidro) por toda parte. A mobília, tudo foi inundado com água”, disse ela. “Parece um pouco com uma zona de guerra.”

Temperatur­a Principal hipótese é que as condições do aquário não suportaram o choque de temperatur­a

SUSTO. A página da Wikipédia que fala da atração já foi atualizada e informa sobre a tragédia que assustou os hóspedes. “De madrugada, escutamos um barulho enorme que nos despertou. Ainda estou em choque”, disse a israelense

Dafna ao jornal espanhol El País. A mãe dela desmaiou quando abriu a porta do quarto e viu a cena.

Os hóspedes foram levados a outros hotéis do centro de Berlim. Duas pessoas ficaram feridas pelos estilhaços de vidro. Os danos causados pela explosão ainda não foram contabiliz­ados e a causa do acidente está sendo investigad­a.

Até ontem, a principal hipótese era que as condições do aquário não suportaram o choque de temperatur­a. A água salgada era mantida a 26°C ou 27°C e, nesta madrugada, Berlim registrou - 9°C.

REFORMA. O aquário havia passado por uma reforma dos rejuntes de silicone e limpeza que custou 2,6 milhões (R$ 14,6 milhões) após 12 anos de funcioname­nto e tinha sido reaberto em 2020.

A prefeita de Berlim, Franziska Giffey, visitou o local na manhã de ontem e disse que se tivesse ocorrido uma hora mais tarde “o tsunami poderia ter causado muitas mortes” se não fosse pelo horário em que ocorreu: 5h45 (1h45 no Brasil).

“A grande pressão da água arrastou todo tipo de objetos, que acabaram nas ruas”, explicaram os bombeiros. Segundo as autoridade­s, 30% do espaço afetado pela explosão foi danificado pela água. •

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ANNETTE RIEDL/AP O Aquadom antes e depois do incidente, que espalhou 1 milhão de litros de água pelo lobby do hotel
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IVA YUDINSKI/EFE

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