O Estado de S. Paulo

Pós-jogo: chatice na TV

- APRESENTAD­OR DO ARENA SBT, JÁ ATUOU NA RECORD, BAND E FOX SPORTS

Copa do Mundo é sempre um negócio muito legal, afinal, são trinta dias respirando futebol! Sim, o clima é incrível, mesmo assim ainda prefiro assistir aos jogos da Champions League, onde o nível técnico é superior, mas isso é conversa para um outro dia…

Bem, vamos então falar sobre essa Copa do Catar, que teve os pós-jogos mais chatos e entediante­s da história da TV brasileira! No início, tentei assistir a tudo porque adoro futebol, mas, após o terceiro jogo, confesso que desisti. Depois, fui ver por obrigação, para tentar entender os rumos desse tedioso jornalismo esportivo, mas pela primeira vez não consegui ver, do começo ao fim, um único pós-jogo sequer!

Alguns irão dizer: ‘Ah, Benja, o futebol mudou!’ Ok, hoje ele é mais força e tática do que talento? Pode ser, mas continua sendo 11 contra 11 e vence quem marcar mais gols.

Porém, infelizmen­te, o futebol deixou de ser entretenim­ento, diversão, tema daquela conversa simples e divertida para se tornar algo chato, maçante e elitista. Certo dia, liguei a TV num desses canais fechados para ver os comentário­s de uma partida e, numa frase só, ouvi três vezes que tal seleção não conseguiu quebrar as linhas da outra! Daí vem mapa de calor, estatístic­as, números, porcentage­m de posse de bola, gráficos, termos estranhos para um torcedor comum, palavras difíceis... ou seja, querem transforma­r o futebol em matéria de faculdade!

Mas qual seria o intuito disso? Quem entende o que esse pessoal fala? Ou eles querem rotular de ultrapassa­dos aqueles que não usam esse tom professora­l para falar de futebol?

Jogo posicional, atacar em blocos, box to box, infiltraçã­o, flutuar na paralela cheia, último terço, quebrar as linhas…

Pois é, me sinto como se estivesse na Nasa vendo a construção de um foguete e não assistindo a um programa esportivo. Tiraram a graça e a simplicida­de do futebol para colocar “professore­s” no ar, dando explicaçõe­s para tudo, mas convenhamo­s: o que isso é chato não é brincadeir­a!

Até ex-jogadores que nunca usaram esses termos estão usando agora na TV, o que preocupa mais ainda. Aí fica a pergunta: como será na Copa de 2026? Acredito que o Youtube e outras plataforma­s terão cada vez mais audiência, novos anunciante­s... e, assim como já foi agora, serão cada vez mais excelentes opções para quem se diverte com o futebol. Ou seja, a democratiz­ação das mídias é a grande salvação!

Por fim, me despeço aqui dos leitores do Estadão, ao qual agradeço pelo convite de escrever nesse tão conceituad­o veículo durante esses trinta dias e de poder expor minha visão não somente desta Copa, mas do futebol em geral. Um feliz Natal e que todos possam quebrar as linhas em 2023. •

É duro assistir a essas discussões depois das partidas com termos que ninguém entende

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Benjamin Back
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Gilberto Amendola (Ontem)
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Arnaldo Ribeiro (Amanhã)
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Mauro Beting (15/12)
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André Rizek (19/12)
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