Os sinais do mercado
ASãosilvestre,amaisfamosa e tradicional corrida de rua nacional e latino-americana se aproxima. São 15 quilômetros percorridos por milhares de pessoas que passam pelo centro de São Paulo, começando e terminando na Avenida Paulista. Nessa prova quase todos os atletas profissionais ou amadores levam consigo algum equipamento para medir o seu desempenho ao longo da corrida. Esse controle permite que a pessoa acompanhe o seu desenvolvimento, se pode acelerar o passo, se é para reduzir, se é momento de hidratação, até saber se vai conseguir terminar a prova. Na medicina temos indicadoresparatodasasfunçõesdocorpo. Na gestão empresarial, um mundodeíndices.enfim,acompanhar o desempenho é algo presente em todas as nossas atividades. Na economia não é diferente.
Termos dados e informações precisas sobre como as coisas estão indo permite mantermos o caminho que estiver tendo sucesso e corrigir o que não está indo bem. Simples assim. Mas desprezar sinais, positivos ou negativos, pode levar a perdas de eficiência ou até mesmo a um desastre. Quando os agentes do mercado financeiro acham que as novas notícias não são boas para os negócios, não tem jeito, a reação é negativa e imediata. Aparentemente, o novo governo não está muito preocupado em acompanhar os sinais emitidos pelo mercado.
Temficadopatenteareaçãonegativa dos analistas frente ao tratamento dado à questão fiscal, aos acordoscomocentrãoeàcomposição da nova equipe. O que era expectativa está virando certeza negativa. Nesta semana, logo que foi anunciado que o economista Aloizio Mercadante seria o presidente do BNDES, o humor do mercado azedou de vez. As ações de empresas estatais caíram fortemente, e até o Tesouro Direto suspendeu as negociações dos títulos.
Numa atitude positiva, buscando proteger o investidor em momentos de estresse do mercado, o que pode trazer muita volatilidade aos juros, o Tesouro permitiu um tempo para o mercado respirar e estabilizar os preços. Isso ocorre para evitar que o investidor compre um título cujo preço vai ficar defasado em pouco tempo, podendo causar perdas.
O governo está tratando o mercado como uma entidade etérea, do mal. Não entendendo que o mercado somos todos nós. São corporações, instituições financeiras e outras organizações que representam milhões de pessoas que investem sua poupança buscando conquistar os seus sonhos ou preservar recursos para sua aposentadoria. Ninguém nega a face gananciosa do tal do Mercado e não se trata de aceitar qualquer coisa a qualquer custo. Mas negar o que sinaliza é desprezar o que a economia está querendo dizer. Corre-se o risco de ficar numa posição muito ruim. Warren Buffett usa uma metáfora interessante para dizer isso: “Você só descobre que estava nadando pelado quando a maré está baixa”. •
SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi (quinzenalmente) TER. Pedro Fernando Nery e Demi Getschko (quinzenalmente) QUA. Fábio Alves QUI. Adriana Fernandes SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalmente) e Pedro Doria SAB. Fabio Gallo e Adriana Fernandes • • • • • DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalmente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalmente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês) •
O governo está tratando o mercado como uma entidade do mal. O mercado somos todos nós