Especialistas nas UBSs
Cumprimento a repórter Fabiana Cambricoli por jogar luz num assunto de enorme importância e que afeta ao menos 70% dos trabalhadores brasileiros e um número expressivo de idosos, aposentados e incapazes: o atendimento de especialidades médicas pelo SUS (Postos de saúde poderão ter infectologistas, cardiologistas e outros especialistas, Estadão, 23/5). Realmente, a situação hoje é calamitosa. Qualquer pessoa que se dirija a um posto de saúde com um problema que precise de médico especialista é atendida por um médico clínico (quando há um) ou por um enfermeiro, e aqui começa a maratona. Se o clínico não está, essa pessoa entra numa fila para esperar ser atendida quando ele estiver (ninguém sabe quando), o que pode levar bastante tempo. Quando atendida pelo clínico, este pede um agendamento da consulta com o especialista à central de agendamentos do município, que faz os encaminhamentos normalmente para outros municípios onde há aquela especialidade, mas isso não é imediato e pode levar meses. Com esse encaminhamento em mãos, o doente descobre que foi encaminhado para um hospital a 167 km de distância, e toda vez que ele precisar seguir com o tratamento ele terá de fazer essa viagem de 334 km ida e volta. O.k., mas tem transporte grátis da prefeitura, vão dizer. Pior a emenda que o soneto: esses transportes, nessa quilometragem, matam qualquer doente. Portanto, cumprimento o sr. Nésio Fernandes, secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, por dar-nos esta esperança de termos especialistas nos postos de saúde e, quiçá, hospitais que possam atender no mesmo município. Nota: no município em que moro, o que relato aqui acontece diariamente.
Filippo Pardini
filippo@pardini.net São Sebastião