O Estado de S. Paulo

Mourão defende declaração de Lula sobre o golpe de 64 e diz que ‘morreu o assunto’

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Criticado por movimentos de esquerda por ter declarado que o golpe de 1964 é história e que não quer remoer o passado, o presidente Lula recebeu um apoio político inesperado de ninguém menos que o ex-vice-presidente da gestão Bolsonaro, o senador Hamilton Mourão (Republican­os-RS). “Ele está certo, 64 pertence à história. Faz 60 anos. Morreu o assunto”, afirmou à Coluna. Mourão ainda avalia se falará sobre a efeméride no plenário do Senado, na semana do dia 31 de março. Mas deixa claro que se abordar o tema “ficará longe do pântano”, ou seja, sem fazer exaltações polêmicas. General, Mourão admite que o assunto provoca emoções e conclui: “Será assim enquanto alguns atores estiverem vivos. Depois será só história contada pelos historiado­res”.

• SILÊNCIO. No governo passado, Bolsonaro determinou que o Ministério da Defesa comemorass­e a data. Na gestão Lula, as Forças Armadas voltaram a silenciar. O general Mourão também considera correta a decisão atual.

• APROXIMAÇíO. O ministro da Defesa, José Múcio, avalia que o tom da declaração de Lula sobre o golpe é resultado do bom entendimen­to do presidente com as Forças. “Nos quartéis não teremos manifestaç­ão, e vamos aproveitar para estimular o bom ambiente”, afirmou à Coluna.

• OBSTÁCULOS. José Múcio constata que ainda há resistênci­as, mas avalia que a declaração do presidente Lula ajuda no trabalho que vem sendo desenvolvi­do para superá-las. “Dos dois lados há pessoas que investem pouco nessa boa relação, mas o ambiente é o melhor possível”, ressaltou. A Fundação Perseu Abramo, do PT, porém, organiza debates para marcar a data.

REFIS. O Ministério da Fazenda chamou o senador Carlos Portinho (PL-RJ) e sua equipe técnica para uma reunião nesta semana. Ele é relator da PEC que cria um novo parcelamen­to previdenci­ário e um regime especial dos precatório­s para os municípios.

• CONTEXTO. A Fazenda não é entusiasta da proposta, mas há no governo quem defenda o texto como contrapart­ida aos municípios em eventual negociação envolvendo a derrubada da desoneraçã­o da folha de pagamento das prefeitura­s. A PEC é uma demanda da Confederaç­ão Nacional dos Municípios, que já marcou manifestaç­ão para 6 de março.

• TROCA. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem um novo braço direito. Trata-se do servidor Lucas Ribeiro Almeida Junior, que assume o cargo de secretário-geral da Mesa e substitui o advogado Luís Otávio Veríssimo Teixeira, que segue para iniciativa privada.

• FORA... O deputado federal Eli Borges (PL-TO), líder da Frente Parlamenta­r Evangélica, disse à Coluna que seria uma boa medida a demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, em um gesto de aproximaçã­o de Lula com a bancada evangélica.

• ... DA SAÚDE. Borges afirmou que Nísia “só arruma problemas contra as pautas conservado­ras”. O estopim foi a publicação, mesmo com a suspensão posterior, de nota técnica da pasta sobre aborto legal em qualquer período de gestação.

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