Cultivos mais tradicionais são opção de matéria-prima
Cana-de-açúcar e soja se destacam com maior potencial; etanol do País já é exportado para virar combustível de avião
Culturas já tradicionais no País estão entre as diversas opções de matérias-primas que o Brasil pode explorar para produção do combustível verde para aviação, de acordo com Arnaldo Walter, professor da Unicamp com estudos na área de energia e sustentabilidade. “As mais promissoras são aquelas em que temos tecnologia que pode levar a uma produção significativa”, diz. Isso significa que soja e cana-deaçúcar saem na frente.
No caso da cana, ela é usada primeiro na produção do etanol, que, depois, é transformado em SAF. A Raízen já fechou contratos para exportar seu etanol para a Europa para esse fim, e começou a desenvolver o produto para que ele fosse um substituto da gasolina. A companhia calcula que, em 2030, o SAF corresponderá a algo entre 3% e 5% do combustível de aviação usado mundialmente. Desse volume, 25% deverão ser produzidos a partir de etanol (de primeira ou segunda geração).
“É uma estimativa conservadora”, destaca Paulo Neves, vice-presidente da Raízen. Esses 25% equivalem a 9 bilhões de litros de etanol. No mundo, até agora, foram anunciadas plantas para produção de etanol destinado ao SAF que somam 7,5 bilhões de litros. Para elevar sua oferta, a Raízen pretende construir 20 usinas de etanol de segunda geração. Cada uma demandará R$ 1,2 bilhão.
Uma pesquisa da Boeing em parceria com a Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) indicou que o Brasil poderia produzir, apenas com bagaço de cana, resíduos de madeira, gases de combustão, sebo bovino e óleo residual de cozinha, 25% a mais de combustível verde de aviação do que o volume consumido atualmente do similar fóssil no mercado doméstico.
A empresa americana tem financiado pesquisas no País sobre o combustível sustentável e renovou uma parceria com a Unicamp para manter um banco de dados sobre a disponibilidade das matérias-primas mais promissoras para produção do SAF no País, o SAFMaps. A Embraer também patrocinou esse projeto.