As novas soluções para o transporte público
Especialistas indicam como melhorar esse serviço para a população
O diagnóstico que serve para São Paulo se encaixa também em Belo Horizonte e Salvador, além de várias outras capitais brasileiras. Os sistemas de transporte público de metrô e de ônibus estão transportando menos gente no pós-crise da covid-19. Há vários fatores que explicam a situação, como o crescimento constante das tarifas e o fato de as pessoas deixarem a grande cidade atrás de qualidade de vida a um custo menor.
Com esse cenário, o debate agora é como tentar oferecer serviços de transporte público de maior qualidade para que os usuários possam voltar, se é que isso é totalmente possível. “No caso do Metrô de São Paulo, temos todo o potencial para transformar a mobilidade. A maturação para a execução e a operação de projetos existe, mas falta maturidade em regulação. Não existe contrato, por exemplo, entre o governo e o Metrô. Precisamos avançar nisso, fazendo tudo com técnica, previsibilidade e estabilidade” afirma Julio Castiglioni, diretor-presidente do Metrô de São Paulo.
O executivo lembrou que a iniciativa privada, por meio das concessões, é um grande agente para alavancar ainda mais o sistema sobre trilhos paulista. “As soluções passam também pelo plano nacional de mobilidade urbana previsto pelo marco legal”, diz.
O Metrô de São Paulo transporta hoje, em média, 3 milhões de pessoas por dia útil. Antes da pandemia, o número era aproximadamente 20% maior. O avanço jurídico defendido por Castiglioni é uma das peças do quebra-cabeça, que precisa ser montado a partir de uma visão sistêmica, segundo Márcio Hannas, presidente da CCR Mobilidade.
“As soluções eficientes voltadas para o público em geral, passando pelo conceito das cidades sustentáveis, envolvem uma forma sistêmica de se pensar, o que pode ser feito por uma autoridade metropolitana”,
“Temos todo o potencial para transformar a mobilidade. Precisamos avançar nisso, fazendo tudo com técnica, previsibilidade e estabilidade”
Julio Castiglioni, diretor-presidente do Metrô de São Paulo
diz o executivo.
Diogo Prosdocimi, diretor da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, explica que cada vez mais será preciso pensar em uma espécie de “solução customizada”, para que as pessoas voltem ao ônibus e ao metrô. “De repente, em 2070, todos estarão usando os carros autônomos. Mas, enquanto isso, é preciso financiar a melhoria dos sistemas.”
Fazendo eco aos companheiros de painel, Sabina Kauark, diretora de Inovação da Systra Brasil, cobra uma avaliação mais sistêmica da mobilidade, para que os gargalos possam ser efetivamente enfrentados. “Regulação é importante. Uma entidade metropolitana atuante também. A integração tem que ser tanto tarifária quanto operacional”, explica a engenheira civil com mais de 30 anos de atuação no planejamento de sistemas de mobilidade.
Enquanto acontece o debate para melhoria do transporte público, as obra do Metrô paulista continuam. As linhas 2 e 6 e o monotrilho da linha 17 devem estar prontos no primeiro semestre de 2026, antes, portanto, das próximas eleições para o Palácio dos Bandeirantes.