O Estado de S. Paulo

Dólar nas alturas: a pergunta correta a fazer

- Por Caio Fasanella e Danilo Igliori O conteúdo disponibil­izado aqui não constitui ou deve ser considerad­o como conselho, recomendaç­ão ou oferta de ativos pela Nomad. Serviços intermedia­dos por Global Investment Services DTVM Ltda

Após um período de consideráv­el estabilida­de em que a taxa de câmbio flutuou dentro do intervalo entre R$ 4,90 e 5,00, o dólar disparou e chegou a encostar em R$ 5,30 em 16 de abril.

Três grandes fatores explicam esse movimento. Em primeiro lugar, dados recentes reforçam a dificuldad­e de conclusão do processo de desinflaçã­o nos EUA. Com isso, apostas para o início do ciclo de cortes de juros foram de junho para o fim do ano ou 2025, com cortes menores. Juros altos nos EUA acabam direcionan­do recursos para lá (particular­mente em ativos de baixo risco).

Em segundo lugar, o acirrament­o dos conflitos no Oriente Médio, após o ataque direto do Irã a Israel, aumentou a incerteza. Seja por possibilid­ade de dificuldad­es na oferta de petróleo, entraves em rotas de comércio internacio­nal ou o potencial de o conflito escalar, o cenário também estimula a procura por ativos de menor risco.

Finalmente, mudanças na política fiscal brasileira desempenha­ram papel central. Ao anuneste ciar que a meta de superávit de 0,5% do PIB dará lugar ao déficit zero em 2025, o governo contribuiu para aumentar as desconfian­ças do mercado, que reagiu com saída de recursos.

Dada a complexida­de do contexto, a clássica pergunta “até onde vai o dólar” não é a mais correta a ser feita. Em um cenário moderadame­nte otimista, incluindo queda de juros nos EUA ano, estabilida­de geopolític­a relativa e alguma recuperaçã­o de credibilid­ade na política econômica doméstica, seria compatível com o retorno gradual da taxa de câmbio para próximo dos R$ 5,00 por dólar. Já no cenário mais estressado, a conversão poderia se aproximar dos R$ 6,00.

Por isso, a pergunta mais pertinente é: minha carteira está adequada à volatilida­de do mercado cambial? Mesmo após os movimentos recentes, ter posicionam­ento estratégic­o em dólar e ativos dolarizado­s na carteira continua sendo a melhor forma de buscar proteção contra a volatilida­de cambial. Se você ainda não tem investimen­tos globais, a melhor hora para começar é sempre agora.

*Caio Fasanella é diretor executivo e head da área de investimen­tos na Nomad

** Danilo Igliori é economista-chefe da Nomad

Ter posicionam­ento estratégic­o em dólar e ativos dolarizado­s na carteira é a melhor forma de buscar proteção contra a volatilida­de cambial

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