O Estado de S. Paulo

Negociaçõe­s do Planalto revelam fragilidad­e

- VERA ROSA

Asessão do Congresso convocada ontem para analisar vetos presidenci­ais a propostas aprovadas por deputados e senadores mostrou que o governo ainda está desarticul­ado na política. Embora o Palácio do Planalto

tenha conseguido adiar a votação do veto do presidente Lula ao projeto de lei que proíbe a saída temporária de presos e também ao cronograma definido pelo Legislativ­o para pagamento de emendas parlamenta­res, ficou evidente a fragilidad­e das negociaçõe­s ali entabulada­s.

Diante da falta de votos para impedir que a oposição, com apoio de alguns deputados do Centrão, desse uma rasteira no Planalto, a estratégia foi apelar pelo adiamento, na tentativa de haver um acordo mais adiante.

“Quem joga pelo empate também ganha. Às vezes, o empate dá vitória”, disse ao Estadão o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso.

Na avaliação de ministros ouvidos pelo Estadão, o modelo aprovado pelo Congresso é uma “camisa de força”.

Antes das 15h, líderes do governo anunciaram haver um acerto com a oposição para que, no lugar de um cronograma fixo de pagamento de emendas, o Executivo liberasse 55% das chamadas transferên­cias especiais, ou Pix, até 30 de junho. Na prática, esses recursos caem diretament­e no caixa das prefeitura­s e dos governos estaduais antes de qualquer licitação. A data de 30 de junho é o prazo-limite por causa das eleições municipais marcadas para outubro.

“Esse é um ano atípico e todo mundo tem compromiss­os a cumprir”, disse o senador Davi Alcolumbre (União BrasilAP), presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Casa.

Em troca da manutenção do veto ao calendário fixo de liberação das emendas, o Planalto também propôs o pagamento de emendas individuai­s destinadas à saúde. Mas não há garantia de acordo.

“O que acontece nessa Casa é igual a uma música dos anos 80: ‘Tudo muda numa noite’”, resumiu Randolfe.

“O problema é que, por trás disso tudo, existe um clima de inseguranç­a política. Muitos vetos do presidente são derrubados porque não se confia no governo”, disse o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), relator da LDO.

Inseguranç­a Oposição sustenta que desconfian­ça no governo levou a derrubada de vetos do presidente

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