Há danos em 141 unidades de saúde: ‘Já estamos racionando oxigênio’
As enchentes no Rio Grande do Sul causaram danos totais ou parciais em 141 unidades de saúde, e dez hospitais tiveram de ser esvaziados após serem alagados, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Em um deles, em Canoas, três pacientes em estado grave morreram durante o resgate. Nas unidades que estão funcionando, procedimentos eletivos (não urgentes) foram cancelados por risco de desabastecimento de insumos.
“Já estamos racionando oxigênio. Eu achei que já tinha passado meu maior desafio pessoal e profissional, com a pandemia de covid-19, mas agora estamos vivendo isso”, diz Ana Carolina Peçanha Antonio, médica intensivista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Hospital Independência, também na capital gaúcha. Ela conta que, com a maioria dos acessos à cidade bloqueados, o abastecimento é incerto e os profissionais foram orientados pelas unidades a economizar ao máximo os recursos. “A gente reduz (o oxigênio) para o mínimo possível dentro do limite de segurança de cada paciente, com base no que prevê a literatura médica. Tentamos também evitar tratamentos menos econômicos em oxigênio”, diz a médica.
ÁGUA. Outro drama dos hospitais é a irregularidade no abastecimento de água. Com parte das estações de tratamento inoperantes, as unidades de saúde têm sido abastecidas com caminhões-pipa. Profissionais da UTI estão tendo de repetir o uniforme por mais de um dia (geralmente, é descartado ao fim do plantão) para economizar água da lavagem do vestuário. Algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também ficaram sem luz, o que levou à perda de insumos que precisam de refrigeração, como vacinas.
Segundo a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Estado (Fehosul), os hospitais ainda estão levantando os prejuízos, mas um balanço preliminar da entidade aponta 20 centros médicos severamente atingidos. “Os casos mais expressivos em termos de tamanho da estrutura e número de leitos atingidos são os Hospitais Mãe de Deus (Porto Alegre) e o Hospital de
Desabastecimento Com estradas bloqueadas, entrega de insumos é incerta, conta médica que atua em Porto Alegre
Pronto-Socorro de Canoas. Ambos seguem inoperantes”, afirmou a entidade, em nota, sobre duas das maiores unidades de saúde que foram esvaziadas.