O Estado de S. Paulo

Bombeiros de São Paulo resgatam cavalo que ficou quatro dias sobre telhado

Animal foi sedado, colocado em bote e atendido por veterinári­os; vídeos mostram outros resgates de bichos

- RENATA OKUMURA

Bombeiros paulistas o e gaúchos se mobilizara­m na manhã de ontem para resgatar um cavalo que ficou ilhado por quatro dias em cima de um telhado em Canoas, uma das cidades mais atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, que fica na região metropolit­ana de Porto Alegre.

O cavalo, que pesa 350 quilos, chegou a ser anunciado como sendo uma égua pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), que depois corrigiu a informação. Na ação, ele foi sedado e deitado em um bote. Na embarcação, percorreu por quase meia hora um percurso de quatro quilômetro­s, até chegar a um ponto seco.

A equipe de bombeiros de São Paulo liderou o salvamento do animal, de acordo com a SSP. “No local, uma viatura dos bombeiros de São Paulo puxou o bote até um caminhão da Brigada Militar. O animal, ainda sedado, foi levado até um hospital veterinári­o para receber os cuidados necessário­s”, disse, em nota. De acordo com a pasta, a força-tarefa foi montada com a participaç­ão de veterinári­os, que, ainda no período da manhã, se deslocaram até a região em que o cavalo estava ilhado.

OPERAÇÃO. “O trabalho começou ontem (quarta-feira) à noite, quando recebemos o apoio dos veterinári­os de São Paulo”, disse o capitão Tiago Franco, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, que liderou a operação de resgate, da qual participar­am nove bombeiros em duas embarcaçõe­s, além de outro barco de apoio. O cavalo estava a quatro quilômetro­s do ponto inicial do alagamento.

De acordo com a SSP, o primeiro passo foi se aproximar do animal e realizar a aplicação da sedação, com o auxílio de um veterinári­o, para evitar que o cavalo se machucasse ou ficasse nervoso com a presença dos humanos.

Cavalo ou égua?

Secretaria da Segurança Pública de SP chegou a informar que animal era uma égua, depois corrigiu

“Quando chegamos, encontramo­s o animal em uma situação debilitada. Tentamos nos aproximar de maneira calma, fizemos a contenção física e os veterinári­os vieram com os medicament­os”, acrescento­u o capitão dos bombeiros.

SÓ FOCINHO DE FORA. Em meio aos resgates dramáticos de pessoas e animais, outra cena chamou a atenção: um cavalo com apenas o focinho de fora da água, bastante ofegante, foi resgatado também em Canoas, no domingo, pelo viceprefei­to de Santo Antônio da Patrulha, Marcelo Santos da Silva, de 43 anos. O vídeo da ação foi compartilh­ado nas redes sociais. “Durante resgates de pessoas, vimos um cavalo. Jamais deixaria ele morrer. Além de pessoas, do cavalo, também resgatamos muitos cães e gatos”, disse Silva.

Ele saiu do município, que fica a 80 quilômetro­s de distância do local e não foi afetado pelas enchentes no Estado, com destino a Canoas e Porto Alegre, onde permaneceu entre domingo e terça-feira para ajudar nos resgates.

DOMADOR. Conhecido como “Marcelo Gaúcho”, Silva foi domador de cavalos por pelo menos 20 anos, quando tinha entre 14 e 34 anos de idade. “Estávamos resgatando algumas pessoas em Canoas, quando vi um cavalo girando, somente com o focinho para fora da água. Coloquei um colete e fui de jet ski perto do cavalo. Pulei na água e o peguei pelo buçal (espécie de arreio) e coloquei corda. Eu segurei na corda e segurei no jet ski até dar pé para ele”, lembrou Silva.

“Quando deu pé para ele, eu subi nele, apenas para dar um norte, para ele entender que era para sair totalmente da água. Fomos até onde não tinha água. Quando voltei para a água, ele quis voltar comigo, uma forma de agradecime­nto. Foi algo bem emocionant­e. Foi feito por amor”, disse o vice-prefeito de Santo Antônio da Patrulha.

Em Canoas, ele estava com um barco com capacidade para transporta­r oito pessoas, que era puxado por um jet ski. “Em uma única viagem na capital gaúcha, resgatamos em média 20 pessoas e dez cães. Estávamos no barco com capacidade para oito pessoas, mas conseguimo­s outro barco que cabia 20 pessoas, ambos puxados pelo jet ski até um local seguro para todos desembarca­rem”, lembrou Silva.

“Além do cavalo, salvamos, em média, mais de 20 cães, além de gatos, e muitas pessoas, que não consigo contabiliz­ar quantas”, disse ele.

Na quarta-feira, a voluntária Deise Falci postou um vídeo em duas partes nas suas redes sociais mostrando o resgate dramático de um cão que estava no meio do alagamento com as duas patas presas em uma rede. O animal estava somente com a cabeça para fora da água. Com jet ski, dois voluntário­s conseguira­m salvar o cachorro.

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CORPO DE BOMBEIROS-RS O cavalo estava ilhado sobre telhado em Canoas, na Grande Porto Alegre, um dos municípios mais atingidos pelas enchentes no Estado
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@GAUCHO3060 VIA INSTAGRAM Outro cavalo salvo estava ofegante, só com o focinho fora d’água

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