O retrato novo e contemporâneo do rei britânico
Pintura que destoa dos clássicos reafirma status de Jonathan Yeo como retratista preferido de sua geração
Poucos britânicos famosos conseguem resistir à chance de serem pintados por Jonathan Yeo. David Attenborough, a lenda da televisão de 97 anos, está entre aqueles que recentemente subiram as escadas em espiral até o estúdio aconchegante, escondido no final de uma rua em West London, para posar para Yeo, um dos artistas de retratos mais reconhecidos do Reino Unido.
No entanto, para o seu retrato mais recente – do rei Charles III – o artista teve de ir até o sujeito. Yeo alugou um caminhão para transportar sua tela de dois metros até a residência do rei em Londres, a Clarence House. Lá, ele ergueu uma plataforma para poder aplicar as pinceladas finais no retrato surpreendentemente contemporâneo, que retrata um Charles III uniformizado contra um fundo etéreo.
A pintura é a primeira representação em grande escala de Charles III desde que se tornou rei. Provavelmente, reafirmará o status de Yeo como o retratista preferido de sua geração para os grandes nomes do Reino Unido, bem como para atores, escritores, empresários e personalidades de todo o mundo. Suas obras encomendadas podem chegam a custar cerca de US$ 500 mil cada (cerca de R$ 2,56 milhões).
Pintar o retrato do rei também marca o retorno à normalidade para Yeo, de 53 anos, que sofreu um ataque cardíaco quase fatal no ano passado, que ele atribui aos efeitos persistentes do câncer em seus primeiros 20 anos de vida. Impossível não fazer um paralelo com o rei, que aos 75 anos anunciou, em fevereiro, que foi diagnosticado com câncer.
MUDANÇAS. Yeo disse que não sabia da doença do rei enquanto pintava. A representação é de um monarca vigoroso. A notícia ascendeu em Yeo uma empatia maior pelo homem que ele conheceu ao longo de quatro sessões, iniciadas em junho de 2021, quando Charles ainda era o príncipe de Gales, e que seguiram até depois da morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II, e sua coroação em maio de 2023. “Seu comportamento definitivamente mudou depois que ele se tornou rei”, disse.
O retrato foi encomendado pela Worshipful Company of Drapers, uma guilda medieval de mercadores de lã e tecido que agora é uma instituição filantrópica. Ele será pendurado no Drapers’ Hall, os aposentos baroniais da empresa no distrito financeiro de Londres. Lá fica uma galeria com os retratos de monarcas desde o rei George III até a rainha Vitória. O Charles III de Yeo acrescentará um toque contemporâneo a essa formação clássica.
Não é a primeira vez que Yeo retrata a realeza. Ele pintou a mulher de Charles, a rainha Camilla, e seu pai, o príncipe Philip.
Ainda assim, um monarca reinante foi novidade para Yeo, cujos retratados incluem premiês, como Tony Blair e David Cameron, e atores, como Dennis Hopper e Nicole Kidman. •